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Desaceleração dos preços nos EUA ajuda países emergentes

Para analistas, expectativa de menor aperto monetário nos EUA deve reduzir saída de capital de outros países

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)

CORRESPONDENTE/NOVA YORK - A desaceleração nos preços dos Estados Unidos em julho é uma boa notícia para países emergentes, que sentem os efeitos da subida de juros nos países desenvolvidos em termos de saída de capital. Não é garantia, porém, de que os volumes financeiros que têm deixado essas economias, dentre elas o Brasil, não vão voltar a crescer nos próximos meses.

O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA ficou estável em julho ante junho e contribuiu para forte queda do dólar frente ao real. Na mínima do dia, na sexta-feira, a divisa norte-americana chegou a R$ 5,065, com o apetite de risco favorecendo a entrada de fluxo estrangeiro no Brasil em meio à expectativa de que o aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não seja tão intenso à frente.

Bolsa brasileira registra retorno de investimentos estrangeiros  Foto: Amanda Perobelli/Reuters

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“A velocidade com que o Fed aumenta os juros, o impacto na taxa de câmbio e, finalmente, a saúde da economia dos EUA vão importar muito para os emergentes”, diz a economista-chefe do Mastercard Economics Institute para os EUA, Michelle Meyer.

Em agosto, o investidor estrangeiro já quase dobrou os recursos aportados na Bolsa brasileira. Até o dia 8 deste mês, entraram R$ 3,296 bilhões, ante um saldo positivo de R$ 1,852 bilhão em julho, conforme dados da B3.

Para o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, o medo da inflação global que pesava sobre os mercados emergentes acabou: “As moedas de mercados emergentes estão agora em forte alta, com o real brasileiro liderando o grupo”.

Em paralelo ao alívio da inflação nos EUA, a saída de capital de países emergentes também diminuiu em julho, apoiando os ativos locais, de acordo com a britânica Capital Economics. Para a consultoria, entretanto, foi apenas uma trégua. Nos próximos meses, o risco é de que um maior volume de dinheiro continue deixando os países emergentes.

As moedas de mercados emergentes estão agora em forte alta, com o real brasileiro liderando o grupo

Robin Brooks, economista-chefe do IIF

“Olhando à frente, apesar da recente pausa, nossa visão é de que os fluxos de saída dos emergentes vão aumentar novamente no restante do ano”, avalia o economista da Capital Economics Shilan Shah.

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De acordo com ele, o aperto monetário nos países desenvolvidos vai empurrar o rendimento dos títulos globais para cima, o que joga contra os emergentes. Shah alerta que o cenário representa uma “ameaça” principalmente para países cujos déficits em conta corrente aumentaram ou estão em processo de subida, citando Turquia e Chile.

“Os países emergentes estão amarrados aos EUA. Quando os EUA espirram, muitos outros países tendem a pegar o resfriado também”, alerta Michelle, do Mastercard Economics Institute.

Europa

Enquanto os emergentes tendem a ser beneficiados com a trégua na inflação dos EUA, a Europa deve ser mais impactada, diz Brooks, do IIF. Novamente, o euro caiu abaixo da paridade com o dólar. “O CPI em julho é o primeiro sinal de que o medo da inflação global está diminuindo. Isso afetará muito mais a zona do euro do que os EUA, já que a primeira está entrando em recessão, ao contrário dos EUA”, conclui o economista.

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