O mercado reforçou nesta quarta-feira, 11, as apostas de corte inicial na taxa de juros menos agressivo, de 0,25 ponto porcentual, pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) em setembro, após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.
A inflação no país subiu 0,2% em agosto ante julho, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quarta pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o avanço foi de 2,5% em agosto. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam altas de 0,2% e 2,6%, respectivamente. No mês passado, o CPI dos EUA avançou 0,2% em julho ante junho e 2,9% na taxa anual.
O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, porém, apresentou variação mensal acima das expectativas. Ele subiu 0,3% em agosto ante julho, segundo dados com ajustes sazonais. Na comparação anual, o avanço foi de 3,2% em agosto. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam altas de 0,2% e 3,2%, respectivamente. No mês passado, o núcleo do CPI dos EUA avançou 0,2% em julho ante junho e 3,2% na taxa anual.
Por volta das 9h50 (pelo horário de Brasília), a ferramenta de monitoramento do CME Group exibia probabilidade de 85% de uma redução de 0,25 ponto porcentual pelo BC americano em setembro, um salto diante dos 71% vistos antes da publicação do índice. A chance de um corte mais agressivo, de 0,5 ponto, passou de 29% para 15%.
O mercado ainda voltou a precificar como mais provável a chance de redução acumulada de 1 ponto porcentual no juro do Fed até dezembro de 2024, aumentando essa probabilidade de 37,1% para 46%. Já cortes mais agressivos, de 1,25 ponto, viram sua probabilidade diminuir de 41,7% para 30,7%, ocupando novamente o segundo lugar. Em terceiro, a probabilidade de redução ainda mais moderada, de 0,75 ponto, cresceu de 9,7% para 19,1%.
O índice de preços ao consumidor de agosto é um sinal de que a inflação nos Estados Unidos está “domada”, mas não desapareceu completamente, afirma a Capital Economics. Por isso, a consultoria britânica mantém a previsão de que o Fed abrirá o ciclo de relaxamento monetário com um corte “modesto” de 0,25 ponto porcentual na próxima semana.
A instituição explica que a inflação de habitação se recusa a arrefecer tão rapidamente quanto os demais segmentos, o que mantém o núcleo do CPI resiliente. “Nessas circunstâncias, esperamos que o Fed adote uma abordagem comedida ao cortar juros”, prevê.
A leitura do CPI em agosto indica que o Fed ainda deverá mudar o seu foco para os desenvolvimentos do mercado de trabalho americano, apesar da aceleração nos preços de serviços. A análise é do CIBC Economics, em relatório divulgado nesta quarta.
“Este não foi o melhor relatório para o Fed, mas a trajetória da inflação ainda está em boa forma e o progresso feito no último ano nos deixa confiantes de que os preços caminham para a meta”, avalia o banco canadense. Assim, o foco dos dirigentes será como o emprego está “normalizando ou deteriorando” no país, acrescenta.
O CIBC observa, no entanto, que controlar a inflação de serviços pode ser “difícil” nessa última etapa, particularmente os preços ligados a moradias e transportes — duas das categorias que impulsionaram o avanço do núcleo do CPI em agosto./Com André Marinho e Laís Adriana
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