Alta da inflação nos EUA além do esperado deve atrasar corte de juros no país e afetar o Brasil

Índice de Preços ao Consumidor subiu 3% em janeiro, com aumento dos preços de alimentos e energia; resultado é ruim para o Brasil por poder afetar comércio exterior e causar valorização do dólar

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Por Redação

A inflação dos Estados Unidos subiu para 3% em janeiro, reforçando o argumento de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) deve estender uma pausa nos cortes das taxas de juros.

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O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu inesperadamente, segundo a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, nesta quarta-feira, 12, em comparação com 2,9% em dezembro. De um mês para o outro, os preços ao consumidor aumentaram 0,5%, mais rápido do que os economistas esperavam. O resultado é ruim para o Brasil, por poder afetar o comércio exterior, ao encarecer as importações, e fazer com que o dólar se valorize.

O IPC “básico”, que reflete mais de perto a inflação subjacente, removendo os preços voláteis de alimentos e energia, também apresentou pouca melhora. Ele aumentou 0,4% em relação a dezembro, ou 3,3% em uma base anual.

Preços dos mantimentos nos EUA subiram 0,5% em janeiro, em comparação com o mês anterior Foto: Graham Dickie/NYT

Os dados de janeiro ressaltaram a natureza desigual da batalha do Banco Central dos EUA contra os preços altos. A inflação diminuiu drasticamente desde que atingiu o pico de pouco mais de 9% em 2022, mas o progresso nos últimos meses tem sido muito mais esporádico.

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No mês passado, os aumentos de preços em setores observados de perto pelos consumidores — de mantimentos a gasolina — compensaram as quedas em outras categorias, como roupas e móveis.

Os preços dos mantimentos subiram 0,5% em comparação com o mês anterior, ou 1,9% em uma base anual. Isso foi impulsionado, em grande parte, pela escassez de ovos em todo o país, causada por um surto de influenza aviária, ou gripe aviária, que elevou os preços em 15,2% nas últimas quatro semanas. Os custos de energia também subiram mais 1,8% no decorrer do mês.

As pressões sobre os preços estão persistindo em um momento de extrema incerteza sobre as perspectivas da economia, apenas algumas semanas após o início do segundo mandato do presidente Donald Trump na Casa Branca.

Espera-se que as tarifas, as deportações, os cortes de impostos e a desregulamentação tenham um impacto econômico, mas a combinação final de políticas determinará se os economistas e os formuladores de políticas estarão mais atentos ao risco de ressurgimento da inflação ou de uma desaceleração inesperada do crescimento.

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Em uma publicação nas mídias sociais na quarta-feira, Trump pediu que as taxas de juros fossem reduzidas, dizendo que isso era “algo que andaria de mãos dadas com as próximas tarifas!!!”.

No entanto, o Fed sinalizou pouca urgência em reduzir as taxas por enquanto, preparando um possível confronto com um presidente que, em seu primeiro mandato, demonstrou disposição para criticar o Banco Central quando este resistiu às suas exigências de cortes. Depois de um ponto percentual de cortes nos últimos três meses do ano passado, as taxas agora oscilam entre 4,25% e 4,5%.

Em seu discurso aos legisladores nesta semana, como parte de dois dias de audiências, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que um mercado de trabalho sólido significava que o Banco Central não precisava ter “pressa” para reduzir as taxas. Em vez disso, ele disse que o Fed estava “bem posicionado para lidar com os riscos e incertezas”.

As autoridades sugeriram que, enquanto o mercado de trabalho permanecer sólido, elas precisarão ver um progresso mais substancial de que a inflação está diminuindo antes de puxar novamente a alavanca da política.

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John Williams, presidente do Federal Reserve Bank of New York, disse em um discurso na terça-feira que espera que o progresso em direção à meta de inflação de 2% se concretize, embora tenha observado que “levará algum tempo até que possamos atingir essa meta de forma sustentada”./Com NYT