A inflação medida pelo Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) perdeu força este mês. A taxa recuou de 1,03% para 0,84% de fevereiro para março, beneficiada por desacelerações de preços no atacado (de 1,16% para 0,99%) e no varejo (de 0,92% para 0,59%).Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou ontem o indicador, o IGP-10 sinaliza um movimento de desaceleração na inflação apurada pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), em um horizonte de curto prazo.Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o IGP-10 de março mostrou forte desaceleração na inflação das matérias-primas brutas agropecuárias no atacado. Estes produtos têm grande peso na formação da inflação atacadista, que, por sua vez, representa 60% do total dos IGPs. "O que podemos perceber é que as matérias-primas agropecuárias atualmente convivem com notícias de oferta menos restrita do que se pensava", disse, acrescentando que isso ajuda a derrubar preços. Eszes produtos têm uma cadeia longa de derivados no varejo, no setor de alimentação. Ou seja: o repasse de quedas e desacelerações do atacado ao consumidor pode ajudar a diminuir o avanço nos preços varejistas de alimentação. No entanto, não é possível especular qual será a trajetória dos IGPs em um horizonte mais longo. Isso porque o mercado de matérias-primas agropecuárias no atacado é muito volátil, sujeito a movimentos especulativos.Já os preços do varejo foram puxados para baixo por causa da menor influência do reajuste de preços em cursos formais, cujo maior impacto já foi captado no cálculo da inflação varejista, em meses anteriores. No caso de cursos formais, a variação já virou estabilidade (de 4,16% para 0%), de fevereiro para março.
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