A inflação na cidade de São Paulo registrou alta de 1,15% em janeiro, segundo informou ontem a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). É a maior alta para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que acompanha os preços na capital paulista, desde janeiro de 2010, quando o indicador apresentou taxa de 1,34%. Em dezembro havia registrado alta de 0,54%. A Fipe, porém, espera que a taxa de inflação de fevereiro apresente um resultado inferior à metade da observada em janeiro. A expectativa é do coordenador do IPC, Antonio Evaldo Comune, que prevê uma taxa de 0,53% para o indicador paulistano no fechamento de fevereiro.De acordo com ele, a desaceleração na inflação será proporcionada justamente pelo comportamento dos grupos que mais pressionaram o IPC em janeiro: Transportes, Educação e Alimentação. Para Comune, as pressões geradas dentro desses grupos tendem a diminuir durante fevereiro, trazendo o índice geral para taxas bem mais amenas: "Esperamos taxa de 1,03% para a primeira quadrissemana de fevereiro; de 0,81% para a segunda; de 0,63% para a terceira; e o fechamento do mês com 0,53%."O grupo maior responsável pela marca de 1,15% em janeiro foi o de Transportes, que subiu 3,18% e respondeu sozinho por 0,50 ponto porcentual (43,98%) do resultado geral, em função especialmente do reajuste de 11,11%, autorizado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) para a tarifa de ônibus do município no início de 2011. Além dos Transportes, o grupo Educação também gerou importante contribuição na formação da inflação, já que mostrou elevação de 5,61% contra alta de 0,10% em dezembro e respondeu por 0,21 ponto porcentual (18,11%) de todo o IPC. O grupo Alimentação apresentou variação positiva de 0,73% ante elevação de 1,38% em dezembro. Apesar desta desaceleração, a alta do grupo ainda respondeu por 0,16 ponto porcentual (14,43%) da taxa geral e teve como um dos principais motivos a aceleração nos preços do subgrupo Produtos In Natura, cuja alta passou de 1,49%, em dezembro, para 5,44% no primeiro mês de 2011. De acordo com Comune, o impacto do reajuste na tarifa do ônibus, que respondeu por 36% da inflação geral de janeiro, será eliminado aos poucos no IPC de fevereiro, fazendo com que o grupo Transportes feche o mês com alta de 1,20%. Para a Educação, que foi influenciada pelo reajuste nas mensalidades escolares, o coordenador trabalha com uma previsão de variação positiva bem modesta, de 0,05% para este mês, já que também conta com a retirada dos impactos dos aumentos nas mensalidades. In natura. Quanto à Alimentação, apesar da parte in natura gerar sempre dúvidas em relação aos preços por causa das chuvas intensas do verão, Comune trabalha com uma projeção de alta também menor para fevereiro, de 0,46%.Ele lembrou que, em janeiro, o forte avanço dos preços de alimentos in natura já foi aliviado pela queda nos preços do feijão, de 16,73% ante recuo de 17,65% em dezembro, e pelo recuo da carne bovina, que foi a grande vilã da inflação paulistana no ano passado, mas que mostrou baixa de 0,70% em janeiro contra avanço de 2,03% em dezembro. De acordo com Comune, o grupo Habitação é o que merece alguma atenção em fevereiro, já que deverá contar com impactos relacionados ao IPTU de 2011.Quanto ao IPC acumulado de 2011, Comune informou que continua trabalhando com uma projeção de 4,5% "com viés de alta", mesmo com a taxa de 6,20% acumulada pelo índice em 12 meses até janeiro. Segundo ele, é preciso aguardar um pouco mais para uma maior certeza do comportamento da inflação neste ano.