Infraero não será privatizada, diz presidente da empresa

Nicácio, porém, não descarta que 'no futuro' governo mantenha 49% das ações; abertura de capital é estudada

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Por Isabel Sobral, Tania Monteiro e da Agência Estado

O presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro Cleonilson Nicácio, afirmou que não há dentro do governo a intenção de privatizar a Infraero. Em entrevista nesta quinta-feira, 5, para anunciar a licitação para contratação de consultoria que estudará a abertura de capital da empresa estatal, Nicácio inicialmente foi taxativo. "Não haverá privatização da Infraero", afirmou. Mais tarde, ao responder perguntas dos jornalistas, o brigadeiro admitiu que, "para o futuro", não se descarta a ideia de o governo manter 49% das ações da empresa. "Tudo vai depender, no entanto, do suporte de dados e dos estudos que serão feitos pela consultoria a ser contratada", afirmou Nicácio. Ele destacou que o objetivo da abertura do capital, neste momento, é levantar recursos no mercado de capitais que permitam a ampliação dos investimentos em infraestrutura aeroportuária nacional e, em breve, liberar a Infraero para disputar a gestão de aeroportos em outros países. "Temos condições e expertise para isso, mas hoje a nossa legislação não nos permite", comentou. O presidente da Infraero informou ainda que várias modificações internas na estrutura da empresa estão sendo feitas, como reordenação dos trabalhos das gerências regionais e ajustes no estatuto, visando à preparação para a entrada no mercado. "Todas as mudanças têm o objetivo de melhorar a eficiência da empresa, preparando-a para os novos tempos de forma que a empresa não se torne no futuro um dinossauro", completou. BNDES O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que, em razão das turbulências no mercado financeiro causadas pela crise internacional, desde setembro do ano passado, não é possível fazer uma previsão de tempo e de captação de recursos para a Infraero. "Essa é uma decisão que exige racionalidade. A emissão de papéis de qualquer empresa precisa ser feita nas melhores condições possíveis e hoje seria prematuro fazer previsão de cifras", afirmou o presidente do BNDES. Embora não tenha adiantado prazos ou metas de captação, Coutinho defendeu o início do processo, com a contratação de consultoria, para preparar a Infraero para uma abertura de capital. "É preciso esperar que o mercado melhore, mas o que temos que fazer agora é trabalhar de forma intensa para aperfeiçoar ao máximo a estrutura, a eficiência, a gestão e a governança da empresa, de tal maneira a prepará-la para o momento oportuno, quando o mercado poderá atribuir valor à ela", afirmou Coutinho. Coutinho disse ter a expectativa de que o mercado de capitais brasileiro será "um dos primeiros a se recuperar" dos efeitos da crise internacional devido "à robustez e solidez" da economia brasileira. "Temos a expectativa de que, em pouco tempo, o mercado de capitais voltará a se tornar uma alternativa importante de financiamento das empresas", completou.