Instabilidade impulsiona ativos reais

A instabilidade dos mercados financeiros neste segundo semestre está assustando muitos investidores, que preferem aplicar em ativos reais, como dólar, ouro, ações e imóveis. Além das oscilações, continua a reação à marcação a mercado da renda fixa e DI.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A insegurança com a contínua e forte escalada do dólar até meados da semana passada acentuou a movimentação de recursos nos mercados. A novidade foi que o dinheiro, que anteriormente migrava de fundos de renda fixa e DI para a caderneta e os CDBs, mudou de rota e passou a tomar o rumo também do mercado de ações. A explicação de especialistas foi que o preço das ações ficou bastante baixo e convidativo às compras. Primeiro, porque a bolsa vem de persistentes quedas e, segundo, porque o câmbio disparou e deixou as ações baratas em dólar. Outro motivo é que os ativos reais, como dólar, ouro, ações e imóveis, tradicionalmente servem de refúgio ao investidor em momentos de incertezas político-econômicas. As ações, comparadas com os demais, é o único ativo que está com os preços deprimidos. Ouro e dólar já carregam forte valorização no ano - de 43,72% e 29,97%, respectivamente, até sexta-feira, e o imóvel, como investimento, tem como contra-indicação, além do valor elevado, a dificuldade de negociação rápida em caso de necessidade de dinheiro. Pelo nível de preço em que está, o dólar é considerado investimento de altíssimo risco. Sobretudo pela perspectiva de rápido acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, se sacramentado, poderia reforçar o poder de fogo do Banco Central, ampliar a oferta de dólares e derrubar as cotações. O diretor-superintendente da Corretora Souza Barros, Carlos Alberto de Souza Barros, diz que os atuais níveis de preço do dólar são apenas compatíveis com cenários de pânico e desespero, o que não é o caso. "A menos que se tenha dívida em dólar ou viagem programada para o exterior, não é momento de compra de dólar. A mesma coisa vale para o ouro, um dos ativos que mais se valorizaram este ano." Quem retomou a compra de ações, por enquanto, são os grandes investidores, os fundos de pensão e os fundos de investimento. Não há indícios ainda de que os demais investidores estejam migrando para a bolsa. O diretor de Investimentos da ABN AMRO Asset Management, Alexandre Póvoa, indica a compra de ações apenas para os investidores que suportam risco. "Quem é conservador deve insistir nos fundos DI ou de renda fixa que, no médio e longo prazo, tendem a compensar perdas." A indicação de Póvoa para quem pretende entrar na bolsa são as ações de telefonia fixa, além das de bancos, que recuaram bastante por causa de incertezas com a dívida pública e são interessantes para quem não aposta em calote.

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