RIO E SÃO PAULO - A prévia da inflação oficial no País desacelerou de uma alta de 0,34% em dezembro para 0,11% em janeiro, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados nesta sexta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa foi a mais baixa para o mês em toda a série histórica iniciada em 1994, quando foi implementado o Plano Real.
Considerando todos os meses, o resultado foi o mais brando desde julho de 2023. Porém, a prévia mostrou uma inflação mais pressionada do que o previsto por analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,12% a uma elevação de 0,24%, com mediana negativa de 0,01%.
O IPCA-15 de janeiro não deixou margem para que o Banco Central pudesse sinalizar uma política monetária menos restritiva, avaliou André Valério, economista sênior do banco Inter.

“Esperamos que o BC mantenha um tom bem duro, reconhecendo melhorias no câmbio e no setor externo, mas a inflação ainda não contribui para que possam ser mais incisivos no comunicado em termos do que esperam à frente”, frisou Valério, que espera mais duas altas de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, nas reuniões do Comitê de Política Monetária do BC em janeiro e março, seguida de uma derradeira de 0,75 ponto em maio, para o patamar de 15% ao ano.
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A divulgação da prévia de janeiro fez o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, elevar suas projeções para o IPCA fechado deste mês, de +0,06% para +0,08%.
“O ano passou de +5,4% para +5,5%”, disse Romão, mencionando as pressões esperadas do mercado de trabalho robusto, do câmbio mais desvalorizado e de reajustes de preços monitorados.
O economista da LCA calcula que 68,94% dos preços pesquisados registraram elevações em janeiro, proporção maior do que a vista em dezembro e também superior à de janeiro do ano anterior, “o que significa altas mais espraiadas pelo índice”.
O resultado qualitativo do IPCA-15 de janeiro confirma a perspectiva de uma inflação de serviços mais pressionada, trazendo viés de alta para a projeção para a inflação em 2025, de 6,1%, apontou o economista da XP Investimentos Alexandre Maluf.
“Seremos cautelosos, mas o resultado adiciona viés de alta para a inflação no ano”, disse Maluf.
Em janeiro, oito dos nove grupos de despesas que integram o IPCA-5 registraram aumentos de preços.
O principal alívio partiu da energia elétrica residencial, que recuou 15,46%, ajudando extraordinariamente a deter a inflação em -0,60 ponto porcentual.
“A queda registrada é em decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de janeiro”, lembrou o IBGE.
Já a taxa de água e esgoto subiu 0,86%, e o gás encanado aumentou 0,62%.
Os alimentos voltaram a ficar mais caros, com uma elevação de 1,06% em janeiro. Houve aumentos no tomate (17,12%), café moído (7,07%), refeição fora de casa (0,96%) e lanche (0,98%). Por outro lado, as famílias pagaram menos pela batata-inglesa (-14,16%) e pelo leite longa vida (-2,81%).
Os preços das passagens aéreas aumentaram 10,25% em janeiro, maior pressão individual sobre a inflação, 0,08 ponto porcentual. Os combustíveis subiram 0,67%, com reajustes no etanol (1,56%), óleo diesel (1,10%), gás veicular (1,04%) e gasolina (0,53%). O ônibus urbano teve elevação de 0,46%.