A reação dos investidores ao anúncio do programa de controle de gastos no fim de 2024, que decepcionou por ser insuficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, gerou fuga do real em direção ao dólar, forte desvalorização do real e já influencia negativamente a taxa de inflação.
A pressão sobre a inflação forçou o Banco Central a aumentar a taxa de juros, anunciar mais dois aumentos de um ponto de porcentagem nas reuniões do Copom de janeiro e março, e indicou uma importante perda de credibilidade da política econômica. O diagnóstico do governo é que houve “erro de comunicação” na divulgação da medida.
No início de 2025, a Receita Federal emitiu Instrução Normativa para aumentar a fiscalização sobre o Pix, afetando principalmente a movimentação financeira de trabalhadores informais, motoristas de aplicativos etc. A população interpretou a norma como um sinal de que o Pix seria taxado no futuro, como ocorreu em outras oportunidades neste governo.
As tentativas do ministro da Fazenda e do presidente da República de explicar que o objetivo não era taxar o Pix não conseguiram convencer a população, forçando a Receita Federal a cancelar a Instrução Normativa.

Ao mesmo tempo, a Advocacia-Geral da União (AGU) foi instruída a acionar a Polícia Federal para abrir inquérito para determinar quem foram os responsáveis pela divulgação da “fake news” afirmando que a Instrução Normativa criava um imposto sobre o Pix.
O episódio mostra a perda de credibilidade do governo como um todo. Entretanto, segundo o governo, houve apenas um novo erro de comunicação.
Diante da desvalorização do real e de problemas climáticos, os preços dos alimentos mostraram forte aumento em 2024 e as previsões são de que deverão continuar a aumentar em 2025. Isso tem incomodado o governo, pois afeta negativamente a popularidade do presidente da República.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, declarou que o governo pretende fazer uma “intervenção nos preços dos alimentos” e convocou reunião com outros ministros para discutir o que fazer para reduzi-los.
Ao utilizar a palavra “intervenção”, os empresários reagiram questionando como seria esta “intervenção”, o que forçou o ministro a recuar e dizer que houve um “equívoco de comunicação” e que não se projeta qualquer intervenção artificial no mercado.
Provavelmente, essa reincidência de “equívocos de comunicação” na mesma direção (mais gastos, mais impostos e mais intervenção no mercado) revela mais desejos proibidos do que equívocos de comunicação.