O grupo Latam não pretende se desfazer de sua operação brasileira, de acordo com o presidente da empresa no Brasil, Jerome Cadier. “Não há nenhuma intenção de separar a operação Brasil do grupo. A força da Latam está na complementaridade das operações (nos diferentes países). Separar não faz sentido econômico para o grupo”, disse o executivo ao Estadão.
A declaração foi feita após a Azul divulgar, na noite de segunda-feira, 24, uma nota em que afirma que a consolidação do setor é uma “tendência” no pós-pandemia e que está em “uma posição forte para conduzir um processo nesse sentido”, em uma sinalização de que está interessada em comprar a concorrente.

Também na segunda-feira, a Latam anunciou que encerrou o acordo de compartilhamento de voos com a Azul. A parceria havia sido firmada no ano passado, no pior momento da crise para o setor. A ideia era que ela ajudasse as empresas a alavancar as receitas.
Cadier voltou a dizer, nesta terça-feira, 25, que o acordo foi encerrado porque ficou aquém das expectativas. Afirmou ainda que não houve conversas para vender a empresa. Segundo fontes do mercado, porém, a Azul vinha aumentando a ofensiva.
No ano passado, quando as duas empresas se uniram no acordo de compartilhamento de voos - e com a Latam em recuperação judicial nos Estados Unidos -, já circulava no mercado a informação de que a Azul queria ficar com uma parte de sua concorrente. Uma eventual aquisição, no entanto, poderia enfrentar resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pois a empresa resultante concentraria mais de 60% do mercado.
A Latam afirma que está voltando a crescer no Brasil. Apesar de março e abril terem sido meses difíceis para o setor, a companhia percebeu uma melhora em maio e projeta estar operando com 90% da capacidade em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2019. No mês passado, a aérea operou com 38% e, agora, está com 49%.
De acordo com Cadier, a empresa pretende contratar 750 tripulantes até dezembro – no ano passado, 2.700 foram demitidos –, ampliar a frota de cargueiros de 11 para 21 aeronaves e receber mais sete aviões para o transporte doméstico de passageiros.