Leilão de áreas de petróleo vende só 5% do oferecido, mas garante investimentos de R$ 157 milhões

Ministro de Minas e Energia também apontou que o fato de a maioria dos blocos serem em terra, vai permitir que o petróleo seja explorado em locais antes dominados pela Petrobrás

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RIO - O governo vendeu apenas 17, ou 5%, dos 327 blocos de exploração de petróleo ofertados nesta sexta-feira, 4, no 2.º Ciclo de Oferta Permanente. Apesar do número baixo, o resultado foi comemorado pelo ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque. Segundo eles, pela fato de a maioria dos blocos serem em terra, isso garante a interiorização da indústria do petróleo em locais que antes eram explorados apenas pela Petrobrás.

A arrecadação chegou a R$ 56,6 milhões, mais que o dobro do obtido no 1.º Ciclo, em 2019. As sete empresas que participaram do leilão se comprometeram a investir R$ 157 milhões nos blocos adquiridos.

Para o governo, sucesso do leilão mostra a atratividade do Brasil na área de petróleo e gás. Foto: Fábio Motta/Estadão

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A Eneva, que já explora blocos no Maranhão e Amazonas, foi a grande compradora do leilão, tendo oferecido o maior lance, de R$ 25,7 milhões, por uma área no Amazonas (Juruá). A empresa também comprou, em parceria com a Enauta, quatro blocos no Paraná, no total de R$ 2,1 milhões (a Eneva tem fatia de 70% e a Enauta, de 30%), e levou sozinha outras áreas no Amazonas, por R$ 16,2 milhões.

As áreas no Amazonas são consideradas um risco por estarem próximas a comunidades indígenas, e a venda tem enfrentado protestos de ambientalistas, que fizeram manifestação na porta do hotel onde ocorreu o leilão, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro.

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As empresas Imetame e Enp Ecossistemas compraram, em parceria dividida meio a meio, sete blocos em terra no Espírito Santo, por R$ 50 mil cada. A Petrorecôncavo ficou com um bloco na bacia de Potiguar, também em terra, pelo qual pagou R$ 75 mil. A Petroborn comprou, por R$ 50 mil, um bloco na bacia de Tucano (AM).

O leilão foi híbrido, virtual e presencial, com acesso permitido apenas a autoridades e funcionários da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pelo certame.

Ao fim do leilão, que vendeu apenas uma área marítima, na bacia de Campos para a Shell Brasil, segundo maior lance da oferta, de R$ 12 milhões por um bloco, o diretor-geral da ANP, Raphael Moura, comemorou o resultado, e afirmou que a tendência é de que, no futuro, todos os leilões da agência sejam feitos pelo sistema de Oferta Permanente, onde são os agentes da indústria que escolhem as áreas que vão a leilão.

"Temos um novo cenário de onshore (blocos em terra) no País, que leva para o interior dos Estados investimentos que vão gerar empregos e receita. A Shell ampliou seu portfólio offshore (blocos em mar) e o Paraná vai impulsionar o novo mercado de gás", disse Moura.

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De acordo com o ministro de Minas e Energia, o sucesso do leilão mostra a atratividade do Brasil na área de petróleo e gás. Ele disse que, em 2021, o governo deverá realizar novas rodadas. "Para as próximas rodadas, a análise se inicia hoje, e em um curto espaço de tempo, no início de 2021, vamos apresentar nossas considerações e apresentar o planejamento para 2021 e anos vindouros", disse Albuquerque.

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