O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional, Anoop Singh, duvida que os governadores argentinos cumpram o acordo de reduzir o déficit fiscal das províncias em 60%, conforme foi estabelecido pelo último pacto assinado com a União. O ministro de Economia, Jorge Remes Lenicov, reconhece a dureza do FMI nesta nova negociação e, por isso mesmo, decidiu mudar de estratégia para chegar a um acordo. O ministro desistiu de pedir dinheiro novo porque além de ser pouco provável que o FMI o conceda, a negociação demoraria muito mais. Lenicov tem pressa e considera que o principal, neste momento, é conseguir fechar um acordo que permita o desembolso das parcelas travadas desde o ano passado, que totalizam US$ 9 bilhões, e que o mesmo abre caminho para negociar com os demais organismos multilaterais de crédito, como BIRD e BID. O ministro de Economia quer chegar ao final deste mês com um comunicado do FMI que facilite ainda a abertura da renegociação da dívida externa. No sentido de conseguir este primeiro acordo, Lenicov pedirá o apoio necessário ao sub-secretário do Tesouro dos EUA, John Taylor, no próximo domingo, quando os dois terão um encontro em Fortaleza, por ocasião da assembléia anual do BID. Credibilidade A primeira reunião de trabalho entre a missão e a equipe econômica, da qual participaram o ministro de Economia, Jorge Remes Lenicov, girou em torno da discussão sobre a situação das províncias. Fontes do Ministério de Economia informaram que além da dúvida, outro assunto que gera inquietação entre os técnicos é a lei que o Senado prepara para "corrigir" o orçamento de 2002, aprovado ontem. O FMI considera pouco sério que o governo aprove o orçamento num dia e neste mesmo dia os senadores anunciem que farão mudanças. O temor e a desconfiança do FMI ocorrem sobre o descontrole dos gastos públicos, principalmente por parte das províncias. Anoop Singh está acompanhado por dois importantes técnicos do organismo que conhecem bem a situação da Argentina: o ex-encarregado do caso argentino, Cláudio Loser, e o especialista em sistema financeiro, John Thorton. Os três fizeram duros questionamentos à equipe econômica sobre o cumprimento do pacto fiscal e do orçamento. Leia o especial