Caixa conclui distribuição de lucro do FGTS; saiba como funciona o rendimento

Os valores depositados foram baseados em quanto cada trabalhador tinha nas contas do FGTS em dezembro de 2021

PUBLICIDADE

Publicidade
Por Fabio Tarnapolsky e Natália Coelho
Atualização:

A Caixa Econômica Federal concluiu na terça-feira, 26, a distribuição de R$ 13,2 bilhões referentes ao lucro de 2021 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Receberam o crédito 106,7 milhões de trabalhadores que tinham conta de FGTS com saldo em 31 de dezembro de 2021. Veja, mais abaixo, quem tem direito e como consultar.

PUBLICIDADE

O FGTS tem retorno de 3% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Sua aplicação é motivo de discussões em relação a investimentos, muitas vezes pelo fato de o rendimento ficar abaixo da inflação – com raras exceções.

Com o crédito dos valores depositados pela Caixa, as contas de FGTS contempladas alcançaram rentabilidade de 5,83% ao ano, índice que corresponde a quase o dobro da correção da poupança em 2021, que foi de 2,99%.

FGTS não tem desempenho superior a outras formas de investimento, mas vale a pena fazer a retirada quando possível para o pagamento de dívidas, diz Fabio Gallo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os titulares das contas no fundo podem retirar o dinheiro em casos especiais, como o recente programa de saque extraordinário de R$ 1.000, ou por motivos específicos, que incluem demissão sem justa causa, término de contrato por prazo determinado, falência, doença grave e aposentadoria.

Publicidade

Quanto cada trabalhador vai receber do lucro do FGTS?

Quanto maior o saldo da conta vinculada ao FGTS, mais o trabalhador tem a receber. Para saber a parcela do lucro que será depositada, o trabalhador deve multiplicar o saldo de cada conta em seu nome em 31 de dezembro do ano passado por 0,02748761. Esse fator significa que, na prática, a cada R$ 1 mil de saldo, o cotista receberá R$ 27,49.

Mesmo perdendo da inflação, o FGTS rendeu mais que a caderneta de poupança. No ano passado, a poupança rendeu apenas 2,94%, influenciada pela taxa Selic (juros básicos da economia), que ficou em 2% ao ano na maior parte de 2021 e só foi aumentada a partir de agosto do ano passado.

Investimento e FGTS

Publicidade

De acordo com Fabio Gallo, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, o FGTS não tem desempenho superior a outras formas de investimento, mas vale a pena fazer a retirada quando possível para o pagamento de dívidas. Além disso, caso o titular tenha sua reserva financeira inteira no fundo, “não é recomendável colocar em renda variável ou qualquer outra do tipo”.

“Tirando 2019 e 2020, até a caderneta de poupança ganhou do rendimento do FGTS, pois ela paga 6,17% ao ano mais a variação da TR”, disse Gallo. “Não tem comparação obviamente com o fundo que é 3%. Mesmo com esse recebimento do lucro, não chega perto da caderneta.”

Os anos citados por Gallo foram favoráveis ao FGTS em questão de rendimento por conta da queda da Selic, a taxa básica de juros do Banco Central. Isso fez com que o rendimento da poupança, considerado de baixo risco, tivesse retorno menor que o fundo.

“Se (o trabalhador) estiver em uma situação de dívida, é melhor deixar de pagar juros, sacar e quitá-la. Se realmente não precisar, pode pegar o dinheiro e investir em título do Tesouro ou em um CDB ou RDB (depósitos bancários para aplicação em renda fixa). Qualquer outro tipo vai dar mais rendimento.”

Publicidade

PUBLICIDADE

Em 2021, o lucro do FGTS referente ao ano de 2020 aprovado para distribuição foi de R$ 436,2 bilhões. O valor foi dividido entre as mais de 191 milhões de contas ativas e inativas do FGTS, de forma que a cada R$ 100 na conta do trabalhador, era creditado R$ 1,86 por parte da Caixa. Segundo o banco, a rentabilidade anual do FGTS foi de 4,92%, maior que o rendimento da poupança, de 2,11%, e 9% maior que o IPCA – medidor da inflação.

“O dinheiro é aplicado, há um comitê gestor que o investe em projetos do próprio governo. É daí que vem o lucro”, explicou Gallo. “Eu, particularmente, sempre advoguei que essa participação do público deveria ser maior na gestão do dinheiro, afinal, ele não é do governo, e sim uma contribuição dos trabalhadores e das empresas para uma forma de poupança forçada.”

Apesar de fazer a gestão dos valores do fundo de garantia, a Caixa Econômica Federal não influencia em seu rendimento ou aplicação, como relembra o professor. “O governo permitiu que a instituição tenha a gerência do comitê gestor e que recebesse como outro fundo qualquer.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.