Realizado desde 1971, o Fórum Econômico Mundial de Davos amplificou seu protagonismo no decorrer dos anos, consolidando-se como o maior e mais influente think tank global. Nestes primeiros dias de evento presencial depois de dois anos em razão da pandemia, o Fórum ressalta o caráter de centro de gravidade dos propósitos globais para a construção de um mundo mais integrado, inclusivo e convergente.
A agenda em Davos é o diálogo, num clima de empatia e inovação. Nesta edição, sentimos que estão todos cansados e clamam pela paz, depois do encadeamento das crises globais com a covid-19, a invasão da Ucrânia e a polarização e radicalização políticas no mundo.
Há urgência de uma trégua. Só assim será possível reorganizar as cadeias produtivas, normalizar o fornecimento de alimentos e matérias-primas, mitigar a inflação e evitar uma recessão global. Apenas um choque de oferta reduzirá a pressão na política monetária dos bancos centrais dos países do G7.

Davos estuda o hoje e projeta o futuro. Sua capacidade de identificar e determinar tendências é efetiva. Até quinta-feira, dia 26, mais de mil dirigentes de empresas que formam a espinha dorsal do capitalismo global mantêm uma agenda intensa com mais de duas centenas de líderes políticos globais, economistas, pensadores, ONGs e formadores de opinião.
A essa agenda corporativa, Davos 22 agregou novíssimos temas, como o da revolução das habilidades. O relatório Futuro dos Empregos, resultante de entrevistas com CEOs de todo o mundo, adiantou que metade dos atuais funcionários precisará de requalificação até 2025, em razão dos avanços tecnológicos.
Conceitos modernos como autogestão, aprendizado ativo, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade nortearão cada vez mais as qualificações para os melhores empregos.
Pessoalmente, sou participante do Fórum Econômico Mundial há mais de 10 anos. A cada evento, cresci na forma de ver o mundo e a nossa existência. Como cidadão, reforcei um olhar mais agudo sobre a desigualdade social do Brasil. Como executivo, percebo a importância para nossas empresas de causas fundamentais, entre elas meio ambiente, ética e valores democráticos. A iniciativa privada é produtora de riquezas e possui o capital e o conhecimento para assumir responsabilidades na articulação de soluções a partir do engajamento da sociedade.
Nunca foi tão urgente plantar sementes de mudança no mundo. E aqui em Davos, renovamos as esperanças de um novo começo.
* PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO. ESCREVE A CADA DUAS SEMANAS