Em sintonia com os debates e decisões a serem adotadas a partir da semana que vem, na COP-26, em Glasgow, o Fundo Monetário Internacional (FMI) produziu um relatório sobre o aquecimento global e suas consequências. Numa frase, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, resumiu a proposta da instituição: “A chave é colocar um preço para o carbono”.
A importância do relatório está em sua origem. O FMI foi conhecido em décadas passadas como uma entidade técnica voltada a resolver dificuldades financeiras dos países membros. Sinal dos tempos, é agora um órgão cada vez mais dedicado a refletir sobre cenários econômicos e os impactos de temas atuais como os múltiplos riscos para a economia com eventos como a pandemia da covid-19, suas variantes, e as mudanças climáticas.
O aquecimento global, o efeito estufa e os desastres naturais são fatos que afetam a expectativa de crescimento do PIB, do lucro, da dívida e do preço dos ativos de todos os países. Além de acentuar as desigualdades sociais.
O documento do Fundo aponta e critica o custo social do uso dos combustíveis fósseis. O consumo de petróleo é maior nos países e famílias de rendas mais altas e os custos sociais são maiores para os mais pobres. Em todos os países, há um risco evidente às gerações futuras. O texto argumenta que se está subsidiando os primeiros e impondo danos aos mais vulneráveis. A cobrança correta desses custos reduziria o consumo e, consequentemente, as emissões de carbono em 32% em relação aos níveis de 2018.
A COP-26 renovará as esperanças. Pela repercussão e o nível dos debates científicos, além do anúncio de uma agenda concreta, o evento estabelece referências e parâmetros. A 26.ª reunião do grupo contará com 197 países. O objetivo é transformar o mundo com base na economia verde, saudável e resiliente. Em formato híbrido, presencial e a distância, as sessões terão seis eixos: natureza, cadeias alimentares, infraestrutura sustentável, energia limpa, cidades e reduções da poluição.
Para a humanidade, que está superando a crise sanitária da covid-19, conter o aquecimento global é um desafio grandioso. É preciso buscar respostas na ciência, no conhecimento e na conscientização. O foco de todo o esforço são pessoas e famílias. Elas é que sofrem os efeitos das mudanças climáticas, na forma de desemprego, da inflação e da fome. Salvar o bioma é salvar as pessoas.
*É PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO
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