BRASÍLIA - Pré-candidato ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez o que pode para tomar a dianteira do anúncio das medidas que o governo pretende usar para baixar o preço do diesel. O objetivo claro foi o de aproveitar a repercussão da agenda, considerada extremamente positiva.
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A ação começou no último domingo, 20. No início da tarde, Maia foi o primeiro presidenciável a defender publicamente, via Twitter, que o governo zerasse a Cide e diminuísse a alíquota do PIS-Cofins para ajudar a diminuir os preços da gasolina e do diesel.
Nesta terça-feira, 21, após saber de reuniões do governo para tratar do tema, Maia falou com o presidente Michel Temer por telefone. Na conversa, Temer anunciou que iria zerar a Cide sobre o diesel. Maia falou do acordo no Congresso para destinar recursos da reoneração para ajudar a reduzir o preço do combustível.
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Durante a conversa, segundo interlocutores de Maia, Temer não pediu reserva sobre as informações. Logo após voltar do almoço, o presidente da Câmara correu para o gabinete do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), para gravar vídeo anunciando a decisão do governo.
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Para acelerar o anúncio, Maia dispensou assessores e escreveu ele próprio o texto do tuíte. "O presidente me deu a informação que, para diesel, ele vai zerar a Cide. Foram as informações que recebi. Estou comunicando aquilo que estou sendo demandado pela sociedade", contou Maia em entrevista.
Na pressa, Maia e Eunício nem chegaram a ser muito claros sobre a medida. Eunício disse que a redução da Cide valeria para diesel e gasolina. Maia falou de forma genérica, usando o termo combustíveis. Depois, esclareceu que se tratava só do diesel.
Fazenda. Exatamente por isso, mais de duas horas após Maia ter atropelado a equipe econômica, o Ministério da Fazenda ainda não confirma a medida.
O líder da pasta, Eduardo Guardia, disse no começo da noite não saber se decisão sobre Cide sairá nesta terça-feira. Mais cedo, logo após a informação ter sido divulgada por Maia, Guardia driblou a imprensa, que o esperava em duas saídas do Ministério. Usou uma terceira via e deixou o prédio sem prestar esclarecimentos.
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O destino do ministro: o gabinete do presidente do Senado para uma reunião com Maia e com o presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), tampouco foi comunicada pela assessoria da Pasta. Ao chegar ao Congresso, mais uma vez Guardia se furtou a conversar com os jornalistas.
O anúncio de Maia sobre a medida aconteceu algumas horas depois de o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmar que quem falaria sobre a decisão final seria o "cara", referindo-se, naquele momento, a Guardia, que comanda a equipe econômica do governo.
No único momento em que Guardia falou com a imprensa, ainda pela manhã, ele frisou que ainda não havia uma decisão sobre a questão dos combustíveis e garantiu que a política de preços da Petrobrás não seria alterada.
Na segunda-feira, em teleconferência com jornalistas internacionais, o ministro foi claro ao dizer que a situação fiscal do País não permitiria neste momento uma diminuição de impostos.