Mantega vê sinais de melhora, mas alerta para falta de crédito

Ministro espera que, em março, admissões superem demissões e volta a cobrar redução dos spreads bancários

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Por Fabio Graner e da Agência Estado

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira, 5, que há sinais de melhora na economia brasileira. "São sinais incipientes e em comparação com o final do ano. Isso não significa que a crise acabou", disse ele ao mencionar entre esses sinais a melhora nos preços das commodities, a recuperação da bolsa de valores, o fluxo cambial positivo, as vendas no setor automotivo e o aumento no índice de confiança, além de uma desaceleração no ritmo de demissões líquidas captadas pelo Caged, no Ministério do Trabalho. "Em janeiro, as contratações já aumentaram. O importante é que estão havendo contratações. Talvez em março as admissões superem as demissões." Veja também:  Corte de gastos não soluciona crise, diz Lula Futuro na crise só brilha para Brasil, Índia e China, diz HSBC De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise   Mantega afirmou que, apesar da melhora, o Brasil ainda tem problemas a equacionar em decorrência da crise, entre eles a falta de crédito que ainda persiste, sobretudo para pequenas e médias empresas, a necessidade de baixar os juros e os spreads bancários e também a necessidade de se reverter a retração no comércio, sobretudo com os países do Mercosul. "Temos que criar um mecanismo de financiamento para que os países (Argentina, Uruguai, Paraguai, etc) continuem comprando nossos produtos", afirmou Mantega, destacando que esses países, especialmente Argentina, têm uma participação importante no comércio exterior brasileiro. O ministro mais uma vez afirmou que o Brasil está mais preparado para enfrentar essa crise e fez algumas provocações à resistência dos Estados Unidos em estatizar bancos e também às projeções mais pessimistas dos economistas. No primeiro caso, Mantega disse que os bancos públicos brasileiros são um exemplo de que não há problema em se ter bancos estatais e eles podem, inclusive, ajudar no enfrentamento da crise. No caso dos economistas, o ministro tinha acabado de mencionar a expectativa de queda de 1,9% na economia mundial deste ano ao dizer que, no passado, os economistas costumavam fazer três cenário: bom, regular e ruim. "Hoje, os cenários feitos são ruim, péssimo e catastrófico." Política fiscal Mantega disse ainda que o Brasil acumulou nos últimos anos condições para executar uma política fiscal proativa que mantenha a trajetória de crescimento dos investimentos mesmo em um ambiente de queda de receita. Segundo Mantega, o governo vai continuar praticando uma política fiscal "séria e equilibrada" e cortar gastos correntes para poder compensar a queda nas receitas derivada da crise econômica. Um pouco mais à frente no discurso, ele afirmou que, com o acúmulo de solidez fiscal nos últimos anos, o governo pode adotar nesta crise uma política fiscal anticíclica. Ele lembrou que, no passado, quando a economia brasileira tinha condições mais frágeis, em períodos de crise o governo tinha que subir os juros para conter a saída de capitais e era forçado, por isso, a realizar uma política fiscal contracionista, que gerava aumento no desemprego e menor crescimento econômico. "Antes a política econômica agravava a crise. Hoje, nós podemos fazer política monetária expansionista e política fiscal também expansionista, com desoneração tributária e ampliação dos investimentos públicos", afirmou.

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