Mercado de trabalho precisa de avanços

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Por José Dari Krein e Anselmo Luis dos Santos
Atualização:

A queda da taxa de desemprego metropolitano para 5,3% em dezembro do ano passado, divulgada ontem pela Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE), confirmou a tendência de queda expressiva do desemprego metropolitano. Na análise conjuntural, chama a atenção o reduzido desemprego na metrópole de Porto Alegre (3,0%) e, em menor medida, de Belo Horizonte (4,3%) e Rio de Janeiro (4,9%); na metrópole paulista, a taxa reflete exatamente a média das metrópoles, mas nas regiões do Recife (8,4%) e de Salvador (6,9%) as taxas eram ainda bem elevadas. Considerando um período maior, observa-se também um comportamento positivo do emprego metropolitano: a taxa média anual de desemprego para 2010 (6,7%) não somente foi menor do que a observada num ano de fortes impactos da crise internacional (2009), mas também a menor desde 2002. Desse ano até 2010, a taxa de desemprego caiu quase pela metade no conjunto das metrópoles. Apesar de esse movimento já ter sido associado à ideia de que o País já estaria vivendo uma situação de pleno emprego, nas regiões metropolitanas de Salvador (8,4%) e do Recife (6,9%) as taxas continuavam elevadas em dezembro de 2010. Além disso, a taxa média anual de desemprego ao longo do ano de 2010 foi de 6,7% para o conjunto das metrópoles, de 11% em Salvador, 8,7% no Recife e 7% em São Paulo, que claramente são taxas incompatíveis com o conceito de pleno emprego. Também são taxas de desemprego aberto, que não levam em conta o expressivo desemprego oculto pelo trabalho precário e o desemprego pelo desalento. Claramente, o aumento do emprego tem sido favorável no Brasil, principalmente considerando os fortes impactos negativos da crise internacional que, em alguns países, mais do que dobraram as taxas de desemprego (Estados Unidos, Espanha e outros) e o patamar elevado do desemprego no Brasil em 2003. O pleno emprego poderá ser uma realidade nos próximos anos, se soubermos construir o futuro com um crescimento robusto e qualitativamente melhor - do ponto de vista da nossa indústria e do conjunto da estrutura produtiva, da qual depende nossa estrutura ocupacional. Nesse caso, as discussões sobre a qualidade do emprego serão ainda mais importantes, em temas que até mesmo já deveriam ter sido enfrentados: é preciso um claro compromisso com metas de redução da jornada de trabalho, da rotatividade no emprego, dos acidentes de trabalho, e dentre outras formas de ilegalidade e precariedade, principalmente, de redução do enorme contingente de trabalho assalariado sem carteira. Os efetivos avanços alcançados até agora serão ainda mais reconhecidos se o otimismo gerado viabilizar medidas capazes de assegurar uma efetiva estruturação do mercado de trabalho brasileiro.DIRETOR E DIRETOR-ADJUNTO DO CENTRO DE ESTUDOS SINDICAIS E DE ECONOMIA DO TRABALHO (CESIT), DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNICAMP

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