Depois de o IPCA ter encerrado março mais alto que o previsto, o mercado financeiro ficou mais pessimista em relação à inflação. As expectativas inflacionárias dos analistas de mercado deram um salto. Segundo a pesquisa Focus do Banco Central (BC), eles subiram de 6,02% para 6,26% a projeção de IPCA em 2011. Os dados reforçaram a avaliação no mercado de que o governo terá que ser mais duro no combate à inflação, sob pena de perder o controle da alta dos preços. Cresceram ontem também as apostas dos analistas de que o BC vai aumentar em 0,50 ponto porcentual a taxa Selic - hoje em 11,75% - na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os próximos dias 19 e 20. Até a semana passada, as apostas se concentravam numa alta de 0,25 ponto porcentual. O resultado da pesquisa semanal Focus também reforçou a expectativa de que a equipe econômica vai anunciar em breve novas medidas de contenção da oferta de crédito, de caráter macroprudecial. Os dados da pesquisa mostraram um distanciamento maior entre as projeções de inflação feitas pelo BC e a dos analistas. Enquanto o BC projetou que o IPCA fechará 2011 em 5,6% e 4,6% em 2012, o mercado eleva a suas estimativas a cada semana. A projeção do IPCA em 2011, de 6,26%, já se aproxima do teto da meta de inflação, fixado em 6,5%. Para 2012, o mercado projeta que o IPCA ficará em 5%. A projeção de previsão para o IPCA nos próximos 12 meses aumentou de 5,35% para 5,41%. No grupo das cinco instituições que mais acertam projeções de médio prazo (chamadas de Top 5), a expectativa para o IPCA em 2012 subiu de 5,18% para 5,36%. Para abril deste ano, o mercado elevou de 0,55% para 0,63% a estimativa de IPCA. Também estão mais altas as projeções para o IGP-M. A projeção de alta dos preços administrados neste ano subiu de 4,60% para 4,70%. Na contramão do aumento das projeções de inflação, o mercado manteve em 12,25% a estimativa para a taxa Selic ao fim deste ano. Para 2012, a projeção, no entanto, subiu de 11,25% para 11,50%. A estimativa do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011 ficou estável em 4%. Mas para 2012 a projeção de alta do PIB caiu de 4,30% para 4,24%. Câmbio. Mesmo com as medidas cambiais adotadas pelo governo brasileiro, as projeções do mercado para a taxa de câmbio no fim deste e do próximo ano caíram, numa sinalização de que o mercado não acredita nas ações do governo para frear a queda do dólar. Além disso, aumentaram as apostas de que o governo vai diminuir as intervenções no mercado cambial para ajudar no controle da inflação. Para o fim de 2011, a projeção de taxa de câmbio caiu de R$ 1,70 para R$ 1,68 e, para o fim de 2012 recuou de R$ 1,75 para R$ 1,72. ApostaR$ 1,68é a previsão dos analistas para a taxa de câmbio no fim de 2011. Antes, estava em R$ 1,70. Para 2012, a projeção é que o dólar chegue a R$ 1,72