Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida; estimativa de PIB recua

Dados do relatório Focus apontam para uma inflação de 5,6% em 2025, bem acima do teto da meta de 4,5%

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Foto do author Fernanda Trisotto

BRASÍLIA - Pela 18ª semana consecutiva, o relatório Focus traz uma nova alta da mediana para o IPCA de 2025: de 5,58% para 5,60% - 1,10 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 5,08%. Já as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram, de 2,03% para 2,01%. Dólar e Selic continuam no mesmo patamar da semana passada.

Em relação à inflação, as projeções para o IPCA de 2026 subiram pela oitava semana seguida, de 4,30% para 4,35%. Um mês antes, estava em 4,10%. A mediana do Focus para 2027 passou de 3,90% para 4,00%, de 3,90% há quatro semanas.

Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, assumiu que o cenário para a inflação de curto prazo está adverso Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.

Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) assumiu que o cenário para a inflação de curto prazo está adverso, com destaque para a alta dos preços de alimentos, influenciados pela estiagem e o ciclo do boi e com tendência de propagação. Os bens industrializados, por sua vez, são pressionados pelo movimento do câmbio. “Em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, diz o BC.

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O Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 12,25% para 13,25%, na reunião de janeiro, e afirmou que a sua decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.” O colegiado voltou a sinalizar que vai elevar os juros em mais 1 ponto, a 14,25%, no encontro de março.

O horizonte relevante do Banco Central é o terceiro trimestre de 2026, quando o Copom espera uma inflação de 4,0%, considerando o cenário de referência. A projeção para o IPCA de 2025 é de 5,2%. O balanço de riscos do comitê está assimétrico para cima.

PIB

A mediana do relatório Focus para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 passou de 2,03% para 2,01%. Um mês antes, estava em 2,04%. A estimativa intermediária para 2026 seguiu em 1,70%. Um mês atrás, era de 1,77%.

O Banco Central espera que a economia brasileira cresça 3,50% em 2024 e 2,10% este ano, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

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Selic

A mediana para a Selic no fim de 2025 permaneceu estável pela sexta semana consecutiva, em 15,0%. Em janeiro, o Copom aumentou os juros de 12,25% para 13,25%. O colegiado reiterou a sinalização de mais uma alta de 1 ponto porcentual, a 14,25%, na sua próxima reunião, de março.

A mediana para os juros no fim de 2026 permaneceu em 12,50%. Um mês antes, era de 12,25%. A estimativa intermediária para o fim de 2027 permaneceu em 10,50%, ante 10,25% quatro semanas antes. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela oitava semana consecutiva.

Na ata da reunião de janeiro, o Copom afirmou que a elevação dos juros é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.” O colegiado espera inflação de 5,2% em 2025 e de 4,0% no terceiro trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Dólar

As medianas do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025 e 2026 permaneceram em R$ 6,00, pela sexta e quinta semanas consecutivas, respectivamente. A projeção para o fim de 2027 passou de R$ 5,93 para R$ 5,90, enquanto a estimativa intermediária para o fim de 2028 também caiu de R$ 5,99 para R$ 5,90.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.