Esta deve ser mais uma segunda-feira nervosa nos mercados com o prolongamento da agonia vivida pela Argentina. Sem novidades que apontem um rumo definitivo à crise da Argentina, o mercado de câmbio, no Brasil, já apresenta pequena alta, ultrapassando a barreira de R$ 2,60 e quebrando novo recorde. O tom dos negócios continua sendo dado pelos acontecimentos do país vizinho e, a pior notícia, agora, é a indefinição. "O suporte que se apresentava na semana passada entre R$ 2,50 e R$ 2,60 com a moratória iminente pode ser rompido devido à indefinição", avalia um especialista. Para tentar vislumbrar o desfecho para a crise do país vizinho, os analistas brasileiros ficarão de olho no desenrolar dos acontecimentos políticos, que possam sinalizar a implementação, ou não, do pacote do presidente Fernando De la Rúa. O movimento nos bancos e casas de câmbio é central, pois uma corrida para trocar peso por dólar pode precipitar o anunciado desfecho para a crise. Também serão monitoradas as manifestações públicas do povo argentino já que, às vésperas das eleições, fica cada vez mais claro que o andamento da crise depende das expectativas que os políticos têm em relação às urnas nas eleições parlamentares de 14 de outubro. O cenário da Argentina prossegue indefinido e gerando volatilidade e a apreensão no mercado de juros futuros. O apoio da base aliada ao presidente De la Rúa ficou só na promessa e, embora um corte de 13% nos salários de servidores e aposentadorias acima de US$ 300 tenha sido anunciado ontem à noite, a credibilidade no pacote fiscal está mais uma vez abalada. O presidente Fernando De la Rúa reiterou neste final de semana que não aceita negociar o pacote com os partidos políticos. O Partido Juticialista, que faz oposição ao governo, ficou de decidir hoje se apóia ou não as medidas. Em outra frente, o ministro Domingo Cavallo, negocia a antecipação do pagamento de impostos referentes a 2002 e a troca de títulos que vencem este ano (US$ 4,8 bilhões) por títulos de prazos mais longos. Daqui a uma semana, dia 24, está previsto novo leilão de Letes. Decisão sobre Selic na quarta-feira divide opiniões As dúvidas sobre o rumo da Argentina - principalmente em relação a quando, enfim, ocorrerá o desfecho dessa crise - mantêm o mercado bastante dividido em relação a qual deve ser a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne a partir de amanhã para discutir a Selic, taxa de juros básica referencial da economia. As opiniões no mercado convergem apenas para a aposta de que o juro deve subir mais uma vez, mas com divergências sobre a sua intensidade. Há quem diga que, se a Argentina prosseguir com seu cenário indefinido, o Copom deve elevar a Selic de forma modesta, entre 0,5 e 1 ponto porcentual, guardando um choque - para um patamar entre 23% a 27% - para o momento em que vier a esperada moratória ou desvalorização cambial. Porém, há os que acreditem que, mantidas as dúvidas sobre o país vizinho, então o Copom terá que ser mais duro na política monetária, para amenizar a alta do dólar. Para esses, um desfecho da crise na Argentina poderia até diminuir a necessidade de uma elevação forte da Selic. Abertura dos mercados Às 10h30, o dólar comercial para venda estava cotado em R$ 2,6020, com alta de 0,46%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em alta de 0,28%. O índice Merval da Bolsa de Valores de Buenos Aires apontava queda de 0,47%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - estava em queda de 0,14%, e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - operava em queda de 0,11%. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.
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