Mercados: perspectivas para a próxima semana

O mercado financeiro deverá se guiar na próxima semana pelos acontecimentos na Argentina. Cavallo afirmou hoje que os cortes nos repasses às províncias serão mantidos. Há rumores de renúncia tanto do ministro quanto do presidente. O clima de incertezas permanece.

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Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado financeiro deverá se guiar na próxima semana pelos acontecimentos na Argentina. O cenário ficou mais preocupante depois dos desentendimentos do ministro da Economia, Domingo Cavallo, com os governadores das províncias. Após várias reuniões com os governadores nos últimos dias, Cavallo afirmou hoje que os cortes nos repasses às províncias serão mantidos "com ou sem acordo" com os governadores (veja mais informações no link abaixo). Analistas no Brasil acreditam que este desfecho revela a total falta de habilidade política e administrativa do ministro Cavallo na condução da economia do país vizinho. Segundo apuraram os repórteres Rita Tavares e André Palhano, o duro discurso feito pelo ministro Cavallo nesta tarde contra os governadores das províncias e o Mercosul foi interpretado como uma possível preparação para sua saída do governo. Surgiram rumores de que também o presidente Fernando De la Rúa renunciaria ao cargo. O editor Vladimir Goitia apurou que o Partido Justicialista (peronista), de oposição, prefere que Cavallo continue à frente do Ministério da Economia argentino. Isso porque, caso Cavallo renuncie ao comando da economia argentina, a oposição teria que assumir parte da responsabilidade na administração do país. Incertezas permanecem Além das incertezas sobre a permanência de Cavallo e De la Rúa em seus cargos, permanecem também as incertezas sobre uma possível dolarização ou desvalorização da economia do país. No caso da dolarização, a fase de transição é mais fácil, pois grande parte dos pagamentos na Argentina já pode ser feita com moeda norte-americana. Em uma fase posterior, os analistas acreditam que a Argentina voltaria a ter problemas, pois não teria flexibilidade na condução de sua política econômica. No caso da desvalorização, a fase de transição é muito mais difícil, já que grande parte da dívida das empresas e do governo está vinculada ao dólar. Porém, após este período, a economia do país teria condições de voltar a crescer. Analistas acreditam que o governo argentino poderá optar pela dolarização, justamente porque a fase de transição é mais fácil e o desgaste político será menor, ainda mais agora que a falta de coalizão política no país vizinho é cada vez maior. O certo é que - conforme já foi alertado pelo presidente do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), Alan Greenspan - há um grave problema financeiro nos países emergentes com desequilíbrios nas contas externas e sistema de câmbio fixo, além de outras complicações econômicas. Sem se referir à Argentina, Greenspan afirmou que esta situação decorre de uma fraqueza política interna, sugerindo, nas entrelinhas, que cabe a estes países a solução de seus próprios problemas. Para a Argentina, isso pode sinalizar que não haverá uma nova ajuda financeira no curto prazo, seja do governo norte-americano ou de organismos multilaterais. Perpectivas para o mercado financeiro O clima de cautela deve permanecer nos mercados na próxima semana. Apesar do agravamento da situação argentina, o nervosismo no mercado financeiro não aumentou pois grande parte deste cenário negativo já tinha sido antecipado pelos investidores. O Banco Central (BC) também fez fortes intervenções no mercado financeiro hoje e ontem (veja mais informações no link abaixo). Isso não significa que o mercado continue assim nos próximos dias. Dependendo da evolução do cenário argentino, o dólar pode voltar a subir, puxar para cima as taxas de juros negociadas entre os investidores e influenciar o comportamento do mercado acionário. Os mercados também estarão atentos ao leilão da Companhia Paranaense de Energia (Copel) marcado para a próxima quarta-feira, dia 31. Segundo apurou o editor Eugênio Melloni, o diretor da Votorantim Energia, José Said de Brito, afirmou hoje que se esta data for mantida, o consórcio formado pelo grupo e pela Companhia Vale do Rio Doce estará fora da disputa (veja mais informações no link abaixo). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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