PUBLICIDADE

Publicidade

Consumidor da classe C descobre compra online

Por Agencia Estado
Atualização:

Foram dois dias de angústia até o caminhão da loja da internet estacionar na porta da casa da bancária Josiânia Borges, em Osasco (Grande SP). Josiânia, 28 anos, nunca havia feito uma compra com um clique antes e desconfiou o tempo todo que a sua geladeira duplex e o fogão de seis bocas chegariam no prazo de dois dias prometido pelo site. "Eu tive muito medo de atraso", conta. "Eu não sabia que era tão fácil." Josiânia quer repetir a dose. Nem que para isso seja preciso voltar à lan house perto do banco onde trabalha para fechar a compra, como fez na sua primeira vez. Josiânia é parte de um fenômeno do novo mundo do comércio. Nunca a classe C comprou tanto na internet como agora. Nos primeiros seis meses de 2006, quase metade dos consumidores eletrônicos já tinha esse perfil, segundo a empresa de pesquisa e-bit. É o público que mais cresce na internet. O e-bit considera classe C as famílias com renda mensal até R$ 3 mil. Ao contrário dos anos anteriores, quando a expansão era alimentada pelos consumidores das classes A e B, desta vez é o usuário de classe C o principal responsável pelo forte crescimento das lojas virtuais. Nos seis primeiros meses do ano, o comércio eletrônico atraiu um milhão de novos clientes e movimentou R$ 1,7 bilhão em vendas, 80% a mais que no mesmo período de 2005. "Temos hoje uma nova configuração nas compras online", diz Pedro Guasti, diretor-geral do e-bit. "Boa parte dos novos consumidores tem menos renda e menos escolaridade". O fenômeno tem uma explicação. Os sites estão sentindo agora os efeitos da popularização do computador iniciada em 2005, quando os preços despencaram e os financiamentos aumentaram. O preço de uma máquina hoje beira R$ 1 mil. A explosão de consumo mexeu com o mundo virtual. As lojas online, que nasceram com o perfil mais elitista, estão promovendo reformas importantes nos seus modelos de negócios, que vão desde a oferta de produtos para todos os bolsos até mais opções de pagamento e financiamentos. A melhor prova desse mudança de perfil foi a estréia recente de Marabraz e Lojas Pernambucanas, duas redes assumidamente populares. Marabraz A Marabraz entrou na internet em junho deste ano, mas até agora só os clientes assíduos conhecem a loja online. O site é uma extensão da loja tradicional. Ele vende categorias que não fazem parte do cardápio da rede, como eletroeletrônicos, informática, telefonia, CDs, DVDs, cama, mesa e banho. Para comprar esses produtos, o consumidor poderá entrar na internet por conta própria ou usar um computador em uma loja da Marabraz. Nos próximos 60 dias, as 107 lojas da rede deverão estar conectadas à internet. Por enquanto, é o vendedor que vai navegar e fechar a compra para o cliente. No futuro, a idéia é que o consumidor faça tudo sozinho. "O nosso cliente vai na loja porque nem sempre tem computador em casa", diz Eduardo Shimizu, coordenador de comércio eletrônico da rede. O modelo de negócios da Marabraz lembra o do Magazine Luiza, um dos pioneiros do comércio eletrônico. A rede tem site na internet, mas os clientes também podem fazer suas compras em lojas de cimento e tijolo criadas especialmente para a venda virtual. Nessas lojas, não há produtos expostos e nem estoque. Há apenas vendedores sentados atrás de computadores conectados ao site do Magazine. O modelo já foi pensado para atender o público de menor renda. Segundo o gerente de e-commerce do Magazine Luiza, Flávio Dias, o site deve bater recorde de vendas neste ano graças à entrada de novos consumidores na internet - cerca de 80% dos clientes são marinheiros de primeira viagem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.