Fed vê expansão e mostra otimismo com a economia dos EUA

Livro Bege, relatório que servirá de base para as decisões da política monetária, estava mais otimista que o anterior; dados mistos divulgados nesta quarta-feira alimentaram as discussões sobre o melhor momento para se iniciar novo ciclo de alta de juros

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Por Redação
Atualização:
Membros do Fed, presidido por Janet Yellen, não são unânimes com relação à hora de aumentar os juros Foto: AFP

WASHINGTON - A economia dos Estados Unidos continuou a se expandir em outubro e novembro, os gastos do consumidor cresceram na maior parte do país e os ganhos no emprego foram generalizados, diz o Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O documento, que servirá de base para as decisões de política monetária na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), nos dias 16 e 17, presidida por Janet Yellen, foi preparado pelo Federal Reserve Bank de Chicago com base em informações coletadas até 24 de novembro.

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“A atividade econômica nacional continuou a se expandir” no período da pesquisa e muitos dos contatos ouvidos pelo Fed “continuavam otimistas quanto à perspectiva futura da atividade econômica”, diz o documento. O relatório tem um tom mais otimista do que o anterior, divulgado no começo de outubro, que falava em expansão “modesta a moderada” na maioria dos 12 distritos regionais do Fed.

“Alguns contatos viram a queda dos preços da gasolina como um fator que contribuiu para maiores gastos do consumidor, e o frio precoce do inverno ajudou a estimular as vendas de roupas de inverno em vários distritos”, diz o Livro Bege. “Diversos distritos citaram declínio nos preços do petróleo no período da pesquisa e seus efeitos nos preços da gasolina e do óleo diesel.”

Trabalho. O relatório diz que o aumento do emprego foi generalizado e que diferentes distritos notaram demanda maior por trabalhadores nas áreas de software e tecnologia da informação, serviços financeiros, manufatura, construção, transportes, lazer e hotelaria, ou por trabalhadores temporários. “Com as condições do mercado de mão de obra fortalecendo, os contatos nos distritos de Kansas City e Dallas relataram que as empresas estavam tendo mais dificuldade para manter trabalhadores importantes.”

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Apesar disso, “a inflação dos salários permaneceu contida em outubro e novembro”, diz o documento, que nota que alguns distritos relataram pressões altistas crescentes em setores específicos e em algumas profissões. O distrito de Atlanta “notou sinais nascentes de pressões por altas de salários para empregos de baixa especialização, cujos salários estavam estagnados há vários anos”. Elevações dos salários mínimos regionais também provocaram altas nos custos da mão de obra nos distritos de Boston, Cleveland e San Francisco.

Mercados. A ausência de surpresas no Livro Bege permitiu que as Bolsas de Nova York sustentassem movimento de alta na reta final do pregão, após um dia de certa volatilidade nos negócios. Os juros dos Treasuries e o dólar, que já vinham em alta desde o início do dia, também mantiveram a tendência. Já o petróleo caiu na Intercontinental Exchange (ICE) e subiu na New York Mercantile Exchange (Nymex). Os dados mistos da economia americana divulgados pela manhã serviram para alimentar as discussões sobre o melhor momento para se iniciar o novo ciclo de aperto monetário no país. À tarde, o presidente da regional de Filadélfia do Fed, Charles Plosser, comentou que “manter os juros ao redor de zero quando a inflação se aproxima de nosso objetivo e a economia está perto do pleno emprego é arriscado”. Nas Bolsas de Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,18% e o Nasdaq, das empresas de tecnologia, subiu 0,39%.

BC dividido. O presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Charles Plosser, reiterou nesta quarta-feira seu desejo de que a autoridade monetária prepare o caminho para o aumento nos juros e disse que as pessoas esperam muito da política monetária. “Está claro que a economia já percorreu um longo caminho desde o começo da recuperação, em junho de 2009”, disse ele em discurso. “Isso significa que não devemos mais conduzir a política monetária como se ainda estivéssemos no meio da crise financeira ou nas profundezas de uma recessão”, comentou, acrescentando que Fed deve começar a se mover em direção ao aumento dos juros.

A maioria dos dirigentes do banco central dos EUA, entretanto, não compartilha com essa visão de urgência para elevação dos juros. Plosser prevê que a economia dos EUA vai crescer cerca de 3% em 2015 e que a inflação caminhará rumo à meta de 2% ao ano. Segundo ele, algumas pessoas parecem acreditar que a política do Fed tem maior controle sobre a economia do que é realmente o caso.

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