A concorrência de produtos chineses, o esgotamento da capacidade do consumidor de se endividar e os estoques elevados, especialmente de TVs, desaceleraram as vendas de eletroeletrônicos da indústria para o comércio no terceiro trimestre. Isso fez a indústria cortar em dois pontos porcentuais as projeções de crescimento para este ano. A estimativa inicial era fechar 2006 com acréscimo entre 14% e 16% nos volumes ante 2005. A nova projeção é de uma alta entre 12% e 14%. Pesquisa da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) mostra que, de janeiro a setembro, as vendas industriais cresceram 11,79% ante o mesmo período de 2005. É um ritmo menor comparado ao do primeiro semestre, quando os volumes tinham aumentado 14,43% na comparação anual. A freada nos negócios ocorreu por causa da linha de imagem e som. As vendas industriais desses produtos fecharam o primeiro semestre com alta de 37,17% e, até setembro, o índice acumulado recuou para 19,85%. As projeções de vendas de TVs, que iniciaram o ano beirando 12 milhões de aparelhos, despencaram depois da Copa do Mundo em razão de um encalhe recorde de cerca de 2 milhões de unidades, segundo projeções do mercado. O acúmulo de estoques indesejáveis frustrou a intenção dos fabricantes de aumentar preços em 5% em agosto. A saída foi antecipar férias coletivas de fim de ano. Agora a Eletros prevê que o ano feche com a venda de 10 milhões de TVs. Para o gerente de Marketing da Panasonic, Marcelo Miake, as projeções do mercado oscilam entre 9 milhões e 9,5 milhões de aparelhos. A desaceleração das vendas de eletroeletrônicos em geral só não foi maior porque as vendas de geladeiras, fogões, máquinas de lavar, entre outros itens da linha branca melhoraram. O crescimento de janeiro a setembro foi de 9,75% ante 2005, após ter fechado o semestre com alta de 5% na comparação anual. Nos eletroportáteis, a queda até o terceiro trimestre foi de 0,2% nos volumes, depois de uma retração de 8,37% acumulada no primeiro semestre. China Além do endividamento elevado do consumidor, a entrada dos importados, favorecidos pelo câmbio baixo, tirou fôlego das vendas da indústria nacional. Paulo Saab, presidente da Eletros, diz que a importação da China com preço equivalente ao dos produtos fabricados aqui preocupa. ?Temos feito esse alerta para as condições de competição desiguais.? Miake, da Panasonic, exemplifica essa invasão dos chinesas com a existência hoje de cerca de 60 marcas diferentes de aparelhos de DVD. As vendas do produtos aumentaram cerca de 25% este ano, especialmente com a redução dos preços forçada pela concorrência. A entrada dos importados asiáticos também achatou o preço dos fornos de microondas. Hoje é possível comprar um aparelho importado da China por menos de R$ 300. ?A China está balizando as cotações ?, observa o gerente da Panasonic. Ele diz que há dois tipos de importação. Uma delas feita sob a supervisão de grandes marcas e outra de produtos de segunda linha.
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