Um dia após divulgar um lucro recorde de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre, a Companhia Vale do Rio Doce endureceu as críticas aos entraves regulatórios e ao câmbio, que vêm dificultando os projetos de crescimento da mineradora. Hoje, a empresa ameaçou cancelar seu projeto de expansão no Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro. Orçado em R$ 80 milhões, o empreendimento não consegue há dois anos obter a licença da prefeitura de Itaguaí para sair do papel. "É quase um calvário investir no País", reclamou o diretor-executivo de Finanças da mineradora, Fábio Barbosa. Segundo ele, o governo precisa repensar sua política de estímulo ao desenvolvimento. "Não há crescimento sem investimentos(...). Acabamos tropeçando em nós mesmos", disse. O diretor de Assuntos Corporativos da Vale, Tito Martins, também se mostrou preocupado com o impacto que as deficiências nos marcos regulatórios brasileiros podem trazer para os planos de expansão da empresa. "Podemos ter outros projetos cancelados no futuro por conta dessas dificuldades", explicou. Entre eles está o interesse da mineradora em participar da licitação do Porto de Paul, no Espírito Santo. Segundo ele, existe hoje um grande grau de incerteza nos negócios. Por isso, a Vale ainda estuda se participará do leilão. A lentidão na obtenção pela companhia de licenças ambientais vem pressionando seus custos operacionais. É o caso da mina de bauxita em Paragominas, no Pará. O atraso obrigou a companhia a comprar bauxita para a produção de alumínio de terceiros, o que elevou os custos.
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