Mesmo com avanço, Brasil empresta pouco

Relação entre crédito e Produto Interno Bruto no Brasil é inferior à de países como EUA, China, Índia e Chile

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Por Redação
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A "revolução do crédito" dos últimos anos, como define o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, foi insuficiente para catapultar o Brasil para os níveis internacionais de concessão de empréstimos. A relação entre crédito e Produto Interno Bruto (PIB), aqui, atingiu no fim de 2009 o recorde de 45%. Nos Estados Unidos, beira os 200%, na Espanha, está na casa dos 170% e, na Inglaterra, em 155%. O Brasil também fica atrás de vários países em desenvolvimento, como a China, onde a relação é de 123%, a África do Sul, com 88%, a Índia, com 78%, e o Chile, com 74%. Apenas México, com 33%, e Argentina, com 12%, estão em situação pior que a brasileira. "O ritmo de crescimento do crédito no Brasil nos últimos anos é forte, em parte, pela base baixa de comparação", observa o professor do Insper (ex-Ibmec São Paulo) José Luiz Rossi. Ele e outros analistas reconhecem os avanços no País nos últimos anos, mas avaliam que é preciso fazer muito mais para que a relação crédito/PIB se aproxime do padrão mundial. "Nos próximos anos, chegará um momento em que o grande desafio será o crescimento da economia com uma melhor distribuição de renda", diz o analista da Austin Rating Luís Miguel Santacreu. "Hoje, a renda é suficiente para as pessoas comprarem um carro. Mas e a casa?"A principal aposta dos bancos na área de crédito para os próximos anos é justamente o setor imobiliário. Todos têm projetado expansão anual de, no mínimo, 40% para essa carteira. "Se considerarmos os empréstimos para o consumo, o Brasil já está na média mundial", diz Borges. "O que falta avançar é a área imobiliária, onde a participação no PIB está na faixa de 3%, ante mais de 50% em vários países."Outro obstáculo é a queda do spread bancário, diferença entre o custo do dinheiro para os bancos na captação do dinheiro e as taxas que cobram nos empréstimos dos clientes. Borges cita um recente levantamento do Fórum Econômico Mundial com 130 países, que mostrou que o spread, no Brasil, só é menor que o do Zimbábue. "É inaceitável e inadmissível", afirma o economista. Especialista no estudo das relações entre finanças e desenvolvimento econômico, o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Gabriel Madeira defende a realização de mais reformas. Ele elogia a nova Lei de Falências, positiva para a liberação de mais crédito às empresas. "Mas não podemos esquecer do cadastro positivo." Demanda antiga do setor privado, o projeto foi enviado pelo governo para o Congresso, mas está parado.

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