A merendeira entrega currículos em clínicas médicas; o motorista busca uma vaga de servente; o segurança demitido de uma faculdade tenta trabalhar como manobrista. O Estadão acompanha, há três meses, a fila de desempregados que dá entrada para um bilhete gratuito do Metrô e dos trens metropolitanos, no centro de São Paulo.
A busca pelo benefício, concedido por 90 dias para quem foi demitido e precisa sair em busca de uma nova colocação, atraiu o ajudante de carpinteiro Ranieri Tomelin, de 57 anos. O catarinense veio tentar a sorte na capital paulista e agora gasta quase todas as suas economias com aluguel e alimentação, enquanto busca uma oportunidade no mercado de trabalho.
“Há dois meses parado, juntei tudo que tinha e vim. Já fiz de tudo na vida e agora não é diferente: o serviço que aparecer, eu aceito. Estou de olho em uma vaga de segurança, para me reerguer e voltar a disputar competições de motociclismo, meu verdadeiro sonho. A gente só não pode desistir, nunca.”
Segundo um estudo exclusivo do economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), quase metade da força de trabalho paulista (48%) está em uma situação vulnerável no mercado.
Os dados vêm da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid, do IBGE, e apontam que os 13,3 milhões em situação precária no mercado de trabalho representam quase metade da força de trabalho ampliada. O dado inclui desocupados (3,5 milhões), desalentados (4 milhões) e informais (5,8 milhões).
“O começo da recuperação, que já vemos ocorrer, se dá pelo setor informal. Para gerar mais empregos formais, é necessário o fortalecimento da atividade econômica. E isso depende do fim da pandemia, com a vacinação do maior número de pessoas”, diz Balassiano.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.