Metrô de NY gera empregos em São Paulo

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Por Agencia Estado
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A fábrica da Alstom do Brasil no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, prepara-se para cumprir dois grandes contratos de exportação assinados nos últimos dias. Um deles, no valor de US$ 961 milhões, refere-se à montagem das carrocerias de 660 carros ferroviários para o metrô de Nova York. Outro, de US$ 245 milhões, prevê a construção de 60 trens completos para o metrô de Santiago do Chile. Os dois contratos devem gerar 1.500 empregos diretos e 6.000 indiretos - incluindo a rede de fornecedores e de logística, conta o diretor da Alstom no Brasil, Carlos Alberto Almeida. Com 43 mil metros quadrados, a unidade paulistana emprega atualmente 1.253 trabalhadores. A empresa, filial da multinacional francesa de transportes e energia, fornece carros para o metrô de São Paulo e outras companhias nacionais e está participando de várias licitações no Brasil e no exterior. "Se houver mais contratos em 2003, podemos chegar a empregar mais de 3 mil pessoas na unidade de São Paulo", diz. Robôs Para vencer a concorrência de Nova York, disputada com a canadense Bombardier e outras empresas, a Alstom brasileira teve de investir em tecnologia. Almeida mostrou os dois novos robôs japoneses adquiridos para soldar com total uniformidade a superfície dos carros ? uma exigência dos representantes da New York City Transit, administradora do metrô da maior cidade americana. Os americanos visitaram a fábrica da Lapa em abril e gostaram do que viram. Com o contrato assinado, serão trazidos mais oito robôs. "No total, a Alstom investiu US$ 25 milhões em modernização para vencer os acordos de New York e Santiago", diz Almeida. O investimento compensou, pois o acordo com os EUA foi o maior já assinado pela unidade brasileira. O negócio inclui duas opções, totalizando mais 1.420 carros. Se forem exercidas todas as opções, o valor pode chegar a US$ 2,358 bilhões. As carrocerias no Brasil serão levadas de navio e caminhão até Hornell, unidade da Alstom nos EUA, onde os trens serão completados e testados. As entregas para os EUA acontecerão a partir de 2006. Para Santiago, os trens completos serão entregues entre 2004 e 2005. Segundo Almeida, o índice de nacionalização dos produtos é de 70% a 80%. "Há soluções tecnológicas trazidas da França e outras criadas aqui", conta. Argentina Segundo Almeida, os novos negócios devem compensar a paralisação das entregas para o metrô de Buenos Aires, interrompidas pela crise financeira do país vizinho. O contrato com a Argentina previa a entrega de 16 trens com cinco carros cada. Somente dois foram entregues e seis estão totalmente prontos na Lapa, à espera de um acordo financeiro que os tire de lá. De acordo com o executivo, a Alstom do Brasil participa de uma licitação para fornecer material para o metrô de Chicago (EUA) e deve ter uma resposta dentro de quatro meses. A empresa também está pré-qualificada para prestar serviços para a linha 4 do metrô de São Paulo, que ligará o bairro da Luz ao de Vila Sônia. Além disso, a Alstom está produzindo na Lapa os seis carros que serão usados na Linha 5, entre Capão Redondo e Largo 13. As primeiras composições começam a funcionar em sistema de testes neste final de semana. Os vagões terão ar-condicionado, música ambiente, banco anatômico e assentos cobertos por tecidos azuis. Na próxima semana, Almeida viaja para discutir os contratos de fornecimento de equipamentos para o metrô de Fortaleza, cujo projeto está paralisado por questões de viabilidade financeira. Logística Os contratos milionários que envolveram o Brasil mostram que a idéia da Alstom de comprar ativos da companhia nacional Mafersa e abrir uma fábrica no País em 1997 foi uma aposta certeira. A unidade da Lapa virou uma plataforma de exportação, aproveitando a mão-de-obra e a capacidade tecnológica brasileira, que vinha esmorecendo por anos sem investimento público em ferrovias. A dificuldade logística de levar os produtos da América do Sul para os mercados da América do Norte e Europa é compensada, segundo Almeida, pela produtividade e baixos custos da unidade da Lapa. "A América do Sul é o fim do mundo em termos logísticos; em compensação, a produtividade é até 20% maior do que em outros países", explica. Ele revela ainda que a Alstom do Brasil quer entrar agora na Ásia, com vendas para Cingapura, Taiwan e Coréia. "Exportar é a saída, pois o mercado nacional, sozinho, não tem como sustentar uma fábrica", afirma. Por fim, o executivo lembra que a explosão do dólar, para quem exporta, é ?uma beleza"."Pode subir mais, para nós é ótimo", comemora. Leia mais sobre o setor de Transportes e Logística no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.

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