Miguel Jorge refuta ideia de o Brasil sofrer desindustrialização

Ministro admitiu, no entanto, que alguns setores menos desenvolvidos podem desaparecer por conta da forte concorrência das importações

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Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

O titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, disse que os investimentos em andamento no País representam argumento suficiente para jogar por terra as teorias de que o Brasil esteja passando por um processo de desindustrialização. Ele admitiu, no entanto, que alguns setores menos desenvolvidos podem desaparecer por conta da forte concorrência das importações.

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"Acho difícil falar em desindustrialização quando há cerca de US$ 130 bilhões em investimentos no setor nos últimos quatro anos, comparados aos US$ 60 bilhões dos quatro anos anteriores", afirmou. "Há o problema em alguns setores, mas não podemos estender a todos", completou.

O desaparecimento de alguns setores produtivos, acrescentou, faria parte de um processo normal ligado à abertura maior do País a produtos estrangeiros. Ainda assim, a valorização de 60% do real nos últimos anos é o principal fator nessa balança. "Você não consegue melhorar seus preços ou sua qualidade em 60%", disse.

Para Miguel Jorge, além disso, o Brasil enfrenta questões estruturais que afetam a competitividade, como a baixa inovação. Por isso, ressaltou, um dos focos da nova Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) a ser adotada do governo da presidente eleita Dilma Rousseff será o desenvolvimento tecnológico. Segundo ele, outra medida que precisará ser feita pelo novo governo será a desoneração dos investimentos. "Espero que Dilma realmente faça isso", afirmou.

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BNDES

Em café da manhã com jornalistas, Miguel Jorge também afirmou que o BNDES deve receber um aporte menor de recursos em 2011, conforme já havia sido adiantado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, haverá aporte, mas bem menor do que os R$ 180 bilhões repassados pelo Tesouro Nacional ao banco de fomento nos últimos dois anos.

"O BNDES está no mercado porque nem o setor privado e nem as bolsas têm tamanha capacidade de crédito para investimento de longo prazo. Mas ele precisa ser substituído", avaliou o ministro. Segundo ele, uma das alternativas está na chegada dos fundos de investimentos estrangeiros, como o Fundo Soberano de Abu Dabi, que já mostrou interesse em investir em empreendimentos de geração de energia e agricultura no País, além do pré-sal.