BUENOS AIRES — O governo de Javier Milei, na Argentina, começou a implementar, nesta sexta-feira, 17, uma série de medidas para facilitar o uso de moedas estrangeiras no dia a dia. Entre elas, está a possibilidade de as etiquetas exibirem simultaneamente os preços dos produtos em pesos e em moedas estrangeiras e de os consumidores realizarem o pagamento em dólar com cartão de débito.
O ministro da Economía, Luis Caputo, adiantou na sua conta da rede X, na quinta-feira, 16, que “os preços de bens e serviços poderão ser mostrados em dólares norte-americanos ou em outra moeda estrangeira, além de figurar em pesos, indicando o valor total e final que o consumidor deve pagar”.
O presidente Javier Milei, que assumiu o poder no final de 2023, havia anunciado recentemente para 2025 a adoção do câmbio livre — que vinha prometendo havia meses — e o fim do chamado “cepo cambial”, as restrições para a compra de dólares, divisa com a qual a população historicamente protege suas economias das recorrentes desvalorizações e dos cenários de instabilidade financeira.
Analistas consideraram que, com as medidas anunciadas nas últimas horas, o governo busca a integração ao circuito econômico formal de dólares, depois de restrições implementadas em 2024.
As novas normas, opcionais para os comerciantes, substituem uma resolução em vigor desde 2002 que só permitia a exibição de preços em moeda norte-americana em lojas com menor relevância visual.

A regra não estabelece qual taxa de câmbio deve ser aplicada nas transações. Na Argentina há diversas cotações do dólar dependendo do setor ou da operação a ser realizada. No mercado oficial, a moeda era negociada nesta sexta-feira, 17, a 1.063 pesos. No mercado paralelo, onde os poupadores vão comprar ou vender a moeda dadas as restrições atuais, era negociada a 1.235 pesos.
O Banco Central anunciou a autorização de pagamentos em dólares com cartões de débito a partir de 28 de fevereiro, o que aos olhos dos analistas visa promover uma economia “bimonetária” e impulsionar o consumo interno.
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O órgão monetário ressaltou que as empresas que fazem a mediação entre o comércio e os clientes para processar pagamentos deverão desenvolver “as ferramentas necessárias”.
Segundo o BC argentino, os pagamentos poderão ser feitos com cartões vinculados a contas existentes em dólares e não envolverão operação de câmbio porque o preço do produto ou serviço será estabelecido diretamente nessa moeda. Custos como tarifas e comissões serão os mesmos das operações realizadas em pesos.