Na Páscoa deste ano, os ovos de chocolate serão ainda menores e os preços mais elevados em relação aos de 2020. Pelo segundo ano seguido, a pandemia de covid-19 deve estragar as vendas dessa data, que é a segunda melhor oportunidade para o comércio de alimentos e bebidas faturar, depois do Natal.
Nas contas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas na Páscoa deste ano devem girar R$ 1,62 bilhão, com recuo de 2,2% em relação à data de 2020. Se a projeção se confirmar, será o pior desempenho em 13 anos. Em 2020, o tombo nas vendas foi de quase 30%.
Inflação, desemprego, dólar em alta e a ausência dos recursos do auxílio emergencial, que começam a ser pagos em meados do mês que vem, são fatores apontados pela entidades do varejo para o fraco desempenho.
Para tentar se adequar a tempos difíceis, pesquisa realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) mostra que os supermercadistas diminuíram as encomendas de ovos de chocolate maiores, acima de 750 gramas. Em compensação, aumentaram os volumes de ovos menores, com até 170 gramas. De acordo com a entidade, os preços dos ovos estão 7% mais caros neste ano, considerando as mesmas marcas.
Além de mais caros, há muita diferença de preço de um mesmo produto entre redes varejistas diferentes. A diferença chega a 144,1% em lojas de São Paulo e de 150% no Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pela Horus, empresa especializada em inteligência de mercado. A pesquisa, a partir de dados de notas fiscais, foi realizada entre 15 de fevereiro e 17 de março.
Inflação
Estudo da CNC, com base nos resultados da inflação oficial do País, o IPCA, mostra que, em 12 meses até fevereiro, o preço do chocolate subiu 7% e a inflação dos principais produtos e serviços consumidos na Páscoa aumentou 4,8%. São quase dois pontos a mais em relação à inflação da Páscoa do ano passado.
Para o presidente da Apas, Ronaldo dos Santos, o ano começou com uma herança inflacionária dos preços dos alimentos de 2020 e o grande desafio do supermercadista nesse cenário é conseguir manter margem e preço competitivos.
Além de pressionar preços, a desvalorização do real, de 23% nos últimos 12 meses, levou a uma redução nas importações de itens consumidos nesta época do ano, observa o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, responsável pelas projeções de vendas. A importação de chocolates, por exemplo, para a Páscoa deste ano foi a menor desde 2013. O cenário se repete para o bacalhau, outro produto típico. É o menor volume importado em 12 anos.