RIO - O diretor de operações offshore da Brava Energia, Carlos Mastrangelo, afirmou que a decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês) sobre a perfuração do sétimo e do oitavo poços do campo de Atlanta, na Bacia de Santos, será tomada pelo conselho de administração da companhia ainda em fevereiro, antes do carnaval.
Segundo o executivo, a tendência é de aprovação e o trabalho de perfuração deve ocorrer no fim de ano, em conjunto com campanhas no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos, além de possível campanha no campo de Malombe, na Bacia do Espírito Santo.
De fato, a Brava já havia comunicado ao mercado contratos com a Constellation Oil Services, antiga Queiroz Galvão Óleo e Gás, para afretar a sonda Lone Star com esta finalidade.

Outros contratos já anunciados são os de aquisição de árvores de natal molhadas da OneSubsea e linhas flexíveis e risers da Baker Hughes, ambos para Atlanta, com possibilidade de servir ao trabalho em Malombe. Em Papa-Terra serão utilizadas linhas existentes. O desembolso total será de US$ 200 milhões.
Como será a campanha no campo de Atlanta
No campo de Atlanta, a Brava vai começar nos próximos dias o “pull-in” (a conexão e a fixação de dutos a uma plataforma) das linhas (tubulações) do terceiro e do quarto poços que vão alimentar o navio-plataforma Atlanta. Esse trabalho deve ser concluído em pouco mais de um mês, segundo Mastrangelo.
Em junho, a empresa vai iniciar o mesmo trabalho com vistas ao quinto e sexto poços, também já perfurados. Esse procedimento já vai acontecer sob a batuta de Carlos Travassos, ex-diretor de engenharia da Petrobras, que assumirá a posição de Mastrangelo na Brava em junho.
Sobre o sétimo e oitavo poços, o trabalho de perfuração deve ter início no fim do ano, em sinergia com a perfuração de dois poços em Papa-terra e um terceiro em Malombe que, se aprovado, será ligado por um tie-back (tubulação submarina) de 18 quilômetros à unidade de produção de gás instalada nos campos de Peroá e Cangoá, no litoral do Espírito Santo. Todo esse trabalho, informou Mastrangelo, vai começar por Papa-Terra.
“Essas campanhas seriam mais para o fim do ano. Vamos começar provavelmente com o Papa Terra, fazendo as mesmas fases das perfurações dos poços em paralelo para ter economia de escala, para não ficar trocando fluído de fase. Então devemos resolver Papa-Terra, depois vamos para Atlanta e, em seguida, vê se vai fazer aquilo (Malombe). É uma sequência preliminar, que não está fechada ainda”, disse Mastrangelo.
A 1ª entrega de petróleo produzido no FPSO Atlanta
O chamado “offloading” é o conjunto de operações para o carregamento de um navio aliviador com o óleo bruto produzido por um navio-plataforma. A Brava Energia vai realizar no domingo, 23, a primeira operação de “offloading” do Atlanta. Serão transferidos de uma única vez 1 milhão de barris de petróleo, que integram o volume contratado pela Trafigura PTE (6 milhões de barris) em 11 de fevereiro.
A marca do primeiro milhão de barris foi atingida na segunda-feira, 17, e deve ser totalmente transferida para o navio aliviador na próxima terça-feira, 25, informou Mastrangelo.
O óleo pesado da Brava, que chega à superfície na casa dos 40°C, é aquecido e tratado a mais de 130°C e chega ao navio de transporte a uma temperatura constante de 65°C para facilitar o escoamento.
Segundo Mastrangelo, o navio-plataforma Atlanta produz 26 mil barris de óleo por dia oriundos dos dois primeiros poços conectados (6H e 7H). Sua capacidade, porém, é de produzir até 50 mil barris de óleo e tratar até 140 mil barris de água por dia.
Essas marcas devem ser atingidas no futuro com a conexão de pelo menos mais seis poços. Destes, quatro já foram perfurados (2H, 3H, 4H e 5H), e outros dois que ainda aguardam decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês).
Os bons números de momento estão ligados à fase inicial da produção, em 31 de dezembro, portanto há apenas 51 dias. Ainda assim, conforme apurou o Estadão/Broadcast, o resultado de partida superou expectativas, da mesma forma que o declínio natural da produção tem acontecido em ritmo mais lento que o imaginado.
A 1,5 quilômetro de profundidade, o campo de Atlanta está relativamente próximo do assoalho marinho e tem um aquífero atuante. Isso garante pressão e facilita a extração do óleo que, por ora, vem sendo extraído sem água associada.
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A Brava tem licenciamento e autorização para perfurar até 12 poços dentro do projeto de Atlanta, cujo investimento inicialmente previsto é de US$ 1,2 bilhão, montante que tem sido respeitado até aqui de acordo com Mastrangelo.
O Atlanta pode armazenar até 1,6 milhão de barris de óleo antes de ser aliviado. A unidade está afretada junto a Yinson Production por 20 anos, da Malásia, que preparou a unidade no exterior e exerceu opção de compra junto a Brava ainda em 2023.