Ao contrário das notícias veiculadas nos últimos dias na imprensa, a BRF Brasil Foods ainda não apresentou nenhuma proposta de negócio com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão. A informação é de uma fonte que participa diretamente das negociações e que está reunida neste momento com representantes do órgão antitruste. "Ainda estamos na fase de apresentar números e ideias. Ainda não temos nenhuma proposta fechada."
Esta é a quinta reunião que as partes fazem sobre a união das empresas depois que o relator do processo, Carlos Ragazzo, votou contra o negócio, há quase um mês. Na sequência, o conselheiro Ricardo Ruiz pediu vista dos autos. Por conta disso, o julgamento foi suspenso e Ruiz passa a encabeçar as negociações com a empresa. Além dele, devem representar a autarquia no encontro desta tarde os conselheiros Alessandro Octaviani, Marcos Veríssimo e Olavo Chiaglia, que é o presidente da sessão quando há avaliação sobre BRF. O presidente do Cade, Fernando Furlan, se considerou impedido de participar do processo.
A expectativa é a de que outras reuniões sejam realizadas ainda esta semana. A intenção de "bombardear" os conselheiros com informações relativas à fusão é alegada pela companhia por conta da assimetria de informação entre os membros do órgão antitruste. Enquanto o relator Ragazzo esteve debruçado sobre o processo durante um ano antes de emitir seu voto, dois dos conselheiros que participam do caso têm pouco mais dois meses nos quadros da autarquia.
Inicialmente, espera-se que o julgamento ocorra em 13 de julho, mas a empresa gostaria de ver adiada a sessão de avaliação. Pelos cálculos da BRF, havia espaço para que a análise seja realizada na sessão do dia 27 de julho, pois até não teria transcorrido o prazo de 60 dias que Cade tem emitir sua determinação. A contagem do tempo teve início justamente quando o quórum do Conselho foi retomado, com a presença de sete membros.
Pão de Açúcar
Apesar de a intenção de negócio entre Pão de Açúcar e Carrefour soar como mais um argumento favorável à aprovação da BRF, por conta das forças contrárias do mercado, a operação não será levada ao Cade pela empresa. A avaliação é a de que a alegação não colaria para os conselheiros.
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