Com o cenário ruim para a economia brasileira e a perspectiva de instabilidade por causa da eleição, a Bolsa deve perder espaço como fonte de financiamento para empresas em 2022. Assim, ganham força os fundos de private equity, que estão de bolsos cheios para comprar fatias de negócios. Segundo a Abvcap, associação do setor, são R$ 40 bilhões em caixa para aquisições, sendo R$ 25 bilhões só entre os dez maiores do segmento.
Os fundos que investem na América Latina captaram bilhões para ir às compras. Um deles foi o Advent, com US$ 2 bilhões. “Os fundos de private equity estão muito capitalizados e não conseguiram investir tanto pela competição com o mercado de capitais. Agora, com atividade mais contida (na Bolsa), tendem a crescer”, diz Roderick Greenless, executivo do Itaú BBA.
Mas os fundos também têm dinheiro extra graças à venda de investimentos anteriores. Isso porque conseguiram provar rentabilidade e retornar recursos aos cotistas. O Advent repassou o grupo Big (ex-Walmart) ao Carrefour e fez a abertura de capital da Quero-Quero, de material de construção. Já o Warburg Pincus lucrou com duas estreias na B3: a da varejista Petz e a da Sequóia, de logística.
Potencial de longo prazo
Mas por que os fundos seguem investindo se a economia está patinando? Presidente da Abvcap, Piero Minardi diz que os fundos olham mais para o micro (a situação da empresa) do que para o macro (perspectivas para a economia toda). Ele pondera, porém, que a volatilidade cambial afasta alguns desses investidores.
No mundo, o private equity deve movimentar US$ 1 trilhão, aponta a Bain & Company, mas o potencial de expansão é maior em países como o Brasil. “Acreditamos no crescimento de longo prazo no Brasil, cuja penetração ainda beira um décimo de países como EUA e Inglaterra, em relação ao PIB”, diz Alexandre Campos, da gestora Neo.