Companhias têm vencimentos de US$ 17 bi no exterior até dezembro

Apesar da leve retomada de captações, empresas enfrentam dificuldades para renovar dívidas

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Por Renée Pereira
2 min de leitura

Até o fim deste ano, as empresas e bancos terão de pagar ou renegociar mais de US$ 17 bilhões em dívidas no exterior, segundo relatórios do Banco Central. A conta mais pesada terá de ser paga em dezembro, quando vencem US$ 6,4 bilhões em títulos de dívida, empréstimos e crédito comercial.

Com o caixa enfraquecido pela recessão econômica e escassez de crédito no mercado interno, a situação preocupa. Nas últimas semanas, executivos de empresas de vários setores têm feito uma via-sacra em bancos e investidores no exterior para conseguir dinheiro novo e escapar do risco de calote.

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Apesar da leve retomada de captações no mercado externo, as renegociações não têm sido fáceis. A taxa de rolagem das dívidas do setor privado (títulos e empréstimos) no exterior, por exemplo, caiu de 95% em 2015 para 53% até julho deste ano.

Uma taxa acima de 100% significa que foi possível refinanciar toda a dívida que venceu no período e ainda tomar novos empréstimos. Abaixo desse porcentual, o devedor não conseguiu (ou não quis) renovar o débito. Nos títulos de longo prazo, a taxa de rolagem foi ainda pior: caiu 52% em 2015 para 36% em julho deste ano.

No mercado interno, com a rigidez dos bancos para conceder novos empréstimos, algumas empresas têm conseguido fazer captações de recursos, mas a um custo muito alto. De qualquer forma, esse tipo de operação dá um fôlego no caixa de quem tem de pagar uma dívida no exterior, por exemplo, onde a renegociação pode ser mais complicada neste momento.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), neste ano, as companhias conseguiram captar no mercado doméstico R$ 66 bilhões até agosto – valor 18% inferior ao de igual período de 2015. “Há uma demanda grande porque os bancos reduziram muito a oferta de crédito, mas estão pagando muito caro”, afirma o economista da Austin Rating, Alex Agostini.

Ele explica que, embora a taxa básica de juros esteja estável há 14 meses, em 14,25% ao ano, as taxas têm subido por causa do aumento do risco. Mas algumas empresas não têm tido outra saída a não ser aproveitar essas oportunidades e fugir de uma recuperação judicial. Nos bancos internos, embora a concessão de crédito novo seja raro, as renegociações têm aumentado.

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Em alguns casos, com alterações nos juros (para cima). Mas há casos em que as renegociações têm sido favoráveis às empresas, com manutenção das taxas e expansão do prazo. Isso tudo para não aumentar ainda mais o prejuízo das instituições financeiras com a inadimplência. “Se avaliarem que se trata de um problema conjuntural, os bancos vão preferir renegociar a dívida. Na maioria dos casos, as empresas são saudáveis em situações normais”, afirma o economista Carlos Rocca, diretor técnico do Centro de Estudos do Instituto Ibmec (Cemec).

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