O consumo de energia em todo o Brasil cresceu 2,2% em junho na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 34.909 gigawatts-hora (GWh).
O aumento foi puxado pelo setor de comércio e serviços, cuja demanda expandiu 5,5% no mês. Apesar de representar apenas 16% do total, esse segmento foi responsável por 40% do aumento do consumo no mês.
Na indústria, o consumo de energia elétrica durante o mês de junho totalizou 15.350 GWh, crescimento de 1,1% frente ao mesmo mês de 2010. A retração da demanda no Nordeste foi determinante para este resultado. A saída da Novelis (alumínio) na Bahia (cerca de 33% do consumo industrial regional), a parada temporária (20 dias) da alagoana Braskem (petroquímica) e a redução da produção, para ajuste de estoque, da Coteminas (têxtil) na Paraíba, explicam o resultado. O consumo industrial nesses três estados recuou 10%, 34% e 11,5%, respectivamente.
O consumo comercial aumentou 5,5% em junho, totalizando 5.721 GWh. À exceção do Nordeste (1,1%), houve forte crescimento em todas as regiões, com taxas que variaram de 5,6% (Sudeste) a 8,0% (Sul). No Nordeste, a expansão modesta esteve relacionada, de uma forma geral, aos feriados de Corpus Christi e São João, ambos prolongados, que impactaram a atividade comercial e de serviços. Em especial, houve retração do consumo deste segmento na Bahia (2,1%) e no Ceará (0,3%), que representam 43% do consumo comercial regional. No Sul, as taxas de crescimento foram elevadas em todos os estados, com destaque para Santa Catarina (11%). As concessionárias da região têm atribuído esse resultado em parte à reclassificação de condomínios residenciais para a classe comercial, conforme estabelece a Portaria nº 414/2010 da Aneel.
O consumo de energia pelas famílias brasileiras cresceu 2,5% em junho, refletindo as alterações nas condições climáticas que ocorrem no período de transição do verão para o inverno austral. Acentuou-se, no mês passado, o declínio das temperaturas no Centro-Sul do país. Houve ainda chuvas fora do habitual no Nordeste. No Ceará e na Bahia o consumo recuou 1,7 e 2,2%, respectivamente, em relação a junho de 2010. Além da questão climática, o estado da Bahia foi influenciado pelo calendário de faturamento (menor número de dias faturados). Em contrapartida, houve expansão acima de 5% no Maranhão, na Paraíba e em Alagoas. No Sul, o crescimento foi baixo. Além da reclassificação de condomínios para a classe comercial (nesse caso, explicando uma expansão menor), houve o efeito da temperatura, fenômeno que se estendeu pela região Sudeste como reflexo das incursões de massas de ar frio. Nesta região, o crescimento foi baixo em Minas Gerais e no Rio de Janeiro (1,5%, em média). Apenas em São Paulo, o consumo residencial cresceu a taxas relativamente maiores (+4.6%).
De acordo com a Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, em termos regionais, os maiores crescimentos ocorreram no Norte e no Centro-Oeste. No
Nordeste, houve retração do consumo, basicamente em razão da queda da demanda industrial na região. Esses resultados foram apurados pela EPE junto aos agentes que atuam no setor elétrico brasileiro.
No Sudeste, o consumo industrial de energia cresceu 0,9%, a menor taxa em 18 meses. Essa queda se explica, em parte, pela retomada da autoprodução de energia na indústria siderúrgica fluminense. A expansão do consumo nas regiões Norte e Centro-Oeste reflete os efeitos da entrada de novas cargas no Pará (indústria de ferroníquel) e em Goiás (indústria mineradora).
Previsão
A EPE revisou de 5,4% para 3,6% a estimativa para o crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil em 2011. Segundo a EPE, as estatísticas apuradas no primeiro semestre deste ano apontam crescimento do consumo industrial aquém das previsões. Diante disso e considerando o peso da indústria no market share do consumo de eletricidade, justifica-se a revisão das projeções da demanda para 2011. A nova previsão para o consumo total de energia na rede elétrica em 2011 é de 430 TWh, ou seja, cerca de 11 TWh, ou 2,5%, inferior à previsão anterior.
O cenário atual é a manutenção, no segundo semestre, do mesmo padrão de crescimento observado na primeira metade do ano, com a sustentação das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo, da taxa básica de juros elevada e da execução do programa de consolidação fiscal. Assim, espera-se, para 2011, crescimento mais moderado da atividade econômica e, consequentemente, do consumo de eletricidade - em especial no segmento industrial.