Correios fazem mutirão no fim de semana para diminuir atraso de entregas

Segundo a estatal, não tem faltado voluntários. Quem trabalha no mutirão recebe horas extras ou dias de folga

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Por Karla Mendes e da Agência Estado
Atualização:

Com 26 dias de greve dos funcionários, a realização de mutirões aos fins de semana foi a única maneira encontrada pelos Correios para tentar amenizar os transtornos à população e colocar em dia parte das 170 milhões de correspondências em atraso. E não tem faltado voluntários, segundo a estatal. Em Brasília, por exemplo, o número de candidatos superou as expectativas. Há casos, inclusive, de pessoas que não conseguiram trabalhar no mutirão porque já havia sido mobilizado pessoal suficiente para tal função.

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Sérgio Frazão dos Santos, funcionário dos Correios há três anos, sempre aderiu aos mutirões. Este ano, trabalhou os três últimos fins de semana e terá direito a nove dias de descanso. Sua função original é técnico em Recursos Humanos, mas nos mutirões ele faz a triagem de cartas e a entrega de correspondências, dirigindo inclusive os veículos da empresa. "Sempre que a empresa precisa, me disponho a trabalhar", ressaltou.

Quem trabalha no mutirão recebe horas extras ou dias de folga. No domingo, o pagamento é de 200% de horas extras ou dois dias de folga. O sábado representa um dia de descanso ou um incremento de 15% no salário total no fim do mês (para quatro sábados trabalhados), que é a mesma regra aplicada para carteiros e outros funcionários cuja jornada de trabalho inclui quatro horas no sábado. Cerca de 39 mil empregados, segundo os Correios, trabalharam nos quatro mutirões promovidos pela empresa.

A greve dos funcionários dos Correios deve acabar no máximo terça-feira, quando o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgará o dissídio coletivo. Há ainda a possibilidade de as 35 assembleias dos sindicatos regionais que serão realizadas amanhã em todo o País aprovem a proposta apresentada pelo tribunal na última sexta-feira, o que faria com que os grevistas encerrassem a greve hoje.

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Racha

Conforme revelou a Agência Estado na última quarta-feira, um racha na base sindical fez com que os sindicatos rejeitassem a proposta acordada entre o comando da categoria, representada pela Fentect, e a estatal perante o TST na última terça-feira. Segundo fontes, sindicatos regionais comandados por PSTU, PCO e PSOL nunca fecham acordo com a ala do PT que comanda a Fentect. Há ainda uma ala do próprio PT e do PCdoB que também batem de frente com a federação. A proposta previa aumento real de R$ 80 a partir de outubro e reajuste de 6,87% a partir de agosto.

Como os sindicatos reprovaram o acordo, tudo voltou à estaca zero e na última sexta-feira o presidente do TST, João Orestes Dalazen, propôs abono de R$ 800 e aumento real de R$ 60 a partir de janeiro, proposta que é pior no longo e médio prazos, pois o aumento real a partir de outubro refletiria sobre todos os benefícios dos trabalhadores, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo.

Fontes disseram à Agência Estado, porém, que como a Fentect não fechou acordo com o TST na sexta-feira, existe a possibilidade de as assembleias aprovarem a proposta. Essa alternativa seria melhor para os trabalhadores, pois a os seis dias descontados da folha de pagamento de setembro seriam devolvidos até terça-feira e o desconto seria realizado a partir de janeiro de 2012, na proporção de meio dia por mês. Os outros dias parados - 21 até hoje - seriam compensados nos fins de semana, até maio de 2012. Se o dissídio for julgado, porém, todos os dias serão descontados, o que representa uma perda do salário de um mês inteiro para os trabalhadores, e sem parcelamento, conforme advertiu o próprio presidente do TST.  (Karla Mendes)

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