Em notas, associações da indústria e comércio falam da decisão do Copom

Copom manteve o juro básico em 10,75% ao ano, em linha com a expectativa da maior parte do mercado

PUBLICIDADE

Publicidade
Por Agência Estado
Atualização:

Logo após o anúncio da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter o juro básico (Selic) do País inalterado, associações da indústria e do comércio se manifestaram sobre o resultado da reunião. O Copom manteve o juro básico em 10,75% ao ano, em linha com a expectativa da maior parte do mercado. Veja abaixo a opinião de cada entidade:

PUBLICIDADE

Fecomercio-SP critica decisão

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) criticou a decisão do Copom de manter a taxa de juros. Em nota, a entidade disse que a manutenção da Selic foi um equívoco, uma vez que vários setores da economia estão em desaceleração, como o automotivo e o imobiliário.

"Apenas o setor alimentício tem apresentado inflação nos preços. Porém, isso tem ocorrido devido a condições climáticas que interferem no resultado da safra", afirma a entidade. "Ao manter os juros em 10,75%, o Banco Central não irá alcançar o controle da inflação como deseja e irá premiar apenas o capital especulativo, além de aumentar a dívida do governo."

Publicidade

Na avaliação da Fecomercio-SP, a manutenção dos juros e o aumento do compulsório podem engessar a economia. "Com essas ações, o governo corre o risco de engessar a economia, quando deveria, antes de qualquer coisa, controlar gastos, aplicando recursos de maneira eficiente, e reduzir a taxa de juros, contribuindo também para uma diminuição da dívida interna." 

BC demonstra equilíbrio, elogia ACSP

O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, elogiou, em nota, decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

O presidente da entidade disse que a autoridade monetária revelou equilíbrio ao não elevar a taxa e considerou acertadas as últimas medidas adotadas pelo BC, dando como exemplo o aumento do compulsório bancário, na sexta-feira (3). "As últimas medidas foram inteligentes, pois seus efeitos devem ocorrer em 2011, quando o governo deverá equilibrar suas contas, enxugando o custeio e reduzindo as pressões sobre a inflação", afirmou. 

Publicidade

Fiesp critica manutenção

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou a manutenção da taxa de juros. "O descontrole dos gastos públicos deixa manco o tripé de políticas econômicas, composto também pelo sistema de meta de inflação e câmbio flutuante. Tal descompasso gera uma arquitetura econômica perniciosa de juros elevados e câmbio sobrevalorizado", afirmou, em nota. Para Skaf, o atual nível da Selic provoca a sobrevalorização do real, estimula a entrada de produtos importados e prejudica a indústria brasileira, apesar da demanda aquecida. "O governo precisa criar a efetiva coordenação entre as políticas de gasto público e de juros para que o Brasil possa atingir um equilíbrio econômico compatível com um desenvolvimento sustentado. Caso contrário, mantida a situação atual, perdem todos: a indústria, o trabalhador e o nosso País", afirmou. "Por isso, a Fiesp reafirma que a taxa de juros segue em patamar excessivamente elevado e a sua manutenção, decidida na reunião de hoje do Copom, sinaliza mais problemas à frente." 

Para CNI, manter a Selic foi a decisão mais acertada no momento

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a decisão do Copom foi a medida "mais acertada no momento". Em nota distribuída há pouco, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que as medidas de restrição ao crédito anunciadas pelo Banco Central na última semana já mostram a preocupação do BC com o excesso de liquidez na economia e seus impactos sobre a trajetória da inflação, o que tornaria desnecessário elevar a Selic.

Publicidade

Andrade ressaltou que o Brasil ainda mantém os juros em um patamar dos juros dos mais elevados no mundo. Para o presidente da CNI, a estratégia de utilizar juros elevados para controlar a inflação representa um elevado custo ao setor produtivo e pressiona a valorização do real. "A combinação de juros altos e câmbio apreciado precisa ser revista", defendeu Andrade, na nota distribuída à imprensa. Para a CNI, "a âncora da estabilidade da economia não pode ser apenas a política monetária".

"Não é aceitável um novo ciclo de elevação dos juros - já preanunciado com as medidas de contenção monetária da semana passada - sem ajustes no lado fiscal. É imprescindível dar maior peso à política fiscal, com a imposição de limites aos gastos correntes", concluiu Robson Andrade.

Força Sindical diz que manutenção dos juros é 'nefasta'

O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, avaliou em nota como "nefasta" para o setor produtivo a decisão do Copom. O parlamentar considerou lamentável a manutenção da taxa no atual patamar e alegou que a medida "asfixia a economia". "Esta medida, somada ao aperto monetário com restrições ao crédito anunciado recentemente, configura-se cenário maligno para a produção, que gera emprego e renda", afirmou.

Paulinho defendeu que o governo federal diminua a Selic, deixando, segundo ele, de privilegiar "os especuladores em detrimento da produção e do emprego". "É realmente deplorável que as autoridades monetárias brasileiras tenham se transformado em meros aduladores dos especuladores, e que suas decisões estejam cada vez mais distantes dos interesses maiores da sociedade brasileira e do País", disse.