EUA devem acelerar adoção de medidas para reduzir dívida, diz FMI

Para Fundo, pacote fiscal adotado em dezembro de 2010, com extensão de cortes de impostos e benefícios de emergência a desempregados, deve piorar ainda mais situação fiscal do país

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Por Luciana Antonello Xavier e da Agência Estado
Atualização:

Na contramão do movimento observado na zona do euro, os Estados Unidos adiaram o ajuste fiscal este ano e mantêm os estímulos na economia, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório "Monitor Fiscal", divulgado nesta terça-feira, 12. O relatório é divulgado dias antes do início dos Encontros Anuais de Primavera do FMI e do Banco Mundial, que vão de 15 a 17 de abril, em Washington.

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De acordo com o Fundo, o pacote fiscal adotado em dezembro de 2010 nos EUA - de extensão de cortes de impostos e benefícios de emergência a desempregados - deve piorar ainda mais a situação fiscal do país.

"Os estímulos nos EUA devem contribuir para aumentar o déficit do país ao redor de 10,75%, o que deverá ser o maior nível entre as economias avançadas este ano", afirma o FMI. Para o FMI, os EUA deveriam, no entanto, acelerar a adoção de medidas para reduzir a relação dívida/PIB.

Segundo o relatório, os estímulos adicionais planejados para 2011 significam que o compromisso do presidente Barack Obama de reduzir à metade o déficit federal até o fim do seu primeiro mandato iria requerer um ajuste de 5 pontos porcentuais do PIB ao longo dos anos fiscais de 2012 e 2013, o maior aperto fiscal em pelo menos meio século.

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Sustentabilidade fiscal

Os riscos à sustentabilidade fiscal no mundo permanecem elevados, uma vez que progressos feitos em algumas regiões acabam sendo ofuscados pelos atrasos na consolidação em outros países, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório "Monitor Fiscal".

Segundo o Fundo, a maior parte das economias avançadas, que correspondem especialmente os países da zona do euro, está mostrando esforços rumo à consolidação fiscal e pretende reduzir os déficits este ano.

"Todavia, os déficits permanecem elevados e a média geral da dívida bruta das economias avançadas, estima-se, deve chegar aos 100% do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Além disso, as necessidades de financiamento devem atingir níveis recordes", afirma o relatório.

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Segundo projeções do FMI de 2010, a dívida bruta dos países do G-20 está ao redor de 102% do PIB; a dos Estados Unidos, em 91,6%; Portugal, em 83,3%; Reino Unido, 77,2%; Espanha, 60,1%; Grécia, 142%; Japão, 220,3%.

"Para as economias avançadas, um progresso anual firme, começando agora e trazendo a dívida a níveis prudentes, é essencial no médio prazo", acrescenta o documento.

De acordo com o FMI, o ajuste fiscal necessário entre 2010 e 2030 para que as economias avançadas cheguem à meta fiscal até 2030 vai de 6,4% do PIB, no caso de Portugal, a 11,3% do PIB, no caso dos Estados Unidos. O Reino Unido precisaria fazer um ajuste de 9,3% do PIB; Espanha, de 8,2% e Grécia, de 10,5%.

De acordo com o relatório, o ajuste fiscal em curso na zona do euro está no ritmo certo e o recente progresso é "bem-vindo", "mas alguns detalhes precisam ser finalizados". "Para aumentar a credibilidade da consolidação fiscal, aqueles países que estão sob renovada pressão de mercado precisam se mostrar prontos a adotar medidas adicionais para evitar derramamentos", alerta o Fundo.

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O FMI diz ainda que, atualmente, apenas os Estados Unidos e o Japão não estão comprometidos com ajuste fiscal este ano. "Países que estão adiando o ajuste fiscal em 2011 terão mais desafios no médio prazo", adverte o Fundo.

No caso do Japão, o adiamento se deve também à necessidade de reconstrução do país após a destruição causada por um terremoto, seguido por um tsunami no mês passado. Segundo o FMI, no entanto, os custos para reconstrução no Japão devem ser colocados nos planos de ajuste fiscal de médio prazo.