Família Diniz troca participação no Carrefour Brasil por fatia maior na matriz francesa

Participação é avaliada em R$ 1,1 bi, conforme a cotação desta terça-feira, 11, em que proposta levou a disparada das ações na B3; operação prevê a retirada da companhia da Bolsa brasileira

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A família Diniz, por meio da gestora Península, deve trocar sua participação no Carrefour Brasil, avaliada em R$ 1,1 bilhão conforme a cotação da tarde desta terça-feira, 11, por uma fatia maior na matriz da França. Com a proposta dos franceses, a ação na B3 chegou a saltar 16,9% e fechou em alta de 10,08%, no maior valor de fechamento desde novembro passado.

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A troca de participação ocorre dentro da proposta feita pelo Carrefour França, do qual a família já é acionista, com 9,2% do capital, de fechar o capital da unidade brasileira, tirando a empresa da B3, onde é listada no Novo Mercado.

Segundo pessoas a par das negociações, após a morte de Abilio Diniz, a família já vinha sinalizando a intenção de se desfazer das ações do Carrefour, no Brasil e no exterior. Um dos pontos era decidir o momento, porque o papel na B3 operava em níveis historicamente baixos.

O Carrefour Brasil abriu o capital em 2017, com a ação a R$ 15, mas vinha perdendo valor na B3 Foto: Divulgação/Carrefour Brasil

A empresa abriu o capital em 2017 com a ação a R$ 15, mas vem perdendo valor gradualmente e no dia 13 de janeiro deste ano, em meio ao ambiente desafiador do varejo brasileiro, atingiu o recorde mínimo da cotação, a R$ 5,25 (nesta terça-feira, fechou o pregão a R$ 7,10).

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‘Janela de oportunidade’

O responsável por renda variável da Fami Capital, Gustavo Bertotti, observa que as ações do Carrefour acumulam 38% de perdas nos últimos 12 meses, o que indica a possibilidade de o Carrefour França ter visto uma “janela de oportunidade” para realizar a transação.

O Estadão/Broadcast apurou que toda a operação comunicada na tarde desta terça-feira, 11, foi feita pelo Carrefour França. Internamente, a notícia já era aguardada pela alta cúpula da companhia, ainda que o processo de decisão e a estruturação da proposta tenham sido feitos basicamente pela matriz francesa.

A família Diniz tem uma participação de 9,23% na matriz francesa. Ao preço desta terça-feira, 11, essa fatia é avaliada em cerca de € 860 milhões, o equivalente a R$ 5,1 bilhões.

No Brasil, o Carrefour é avaliado em R$ 15 bilhões na B3, e a maior parte das ações (67%) já está nas mãos dos franceses. Cerca de 25% estão em circulação no mercado.

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A matriz fez três propostas aos acionistas da unidade brasileira. Cada ação do Carrefour Brasil seria substituída por uma ação Classe A, B ou C da nova empresa a ser criada, uma subsidiária integral do Carrefour França, chamada por enquanto de “MergerSub”.

Em uma das propostas de troca, o acionista receberia R$ 7,70 em dinheiro pela ação do Carrefour Brasil, um prêmio de 19% em relação ao fechamento de segunda-feira, 10, a R$ 6,45.

Como especialistas veem o negócio

Para o analista da GTF Capital, Felipe von Eye Corleta, os valores de troca das ações vão depender de como o mercado vê a probabilidade da deslistagem se concretizar. “Se entender que a chance de acontecer é 0%, deve voltar pra R$ 5,50; mas, se entender que é de 100%, vai para R$ 7,70”, afirma.

O conselho de administração do Carrefour Brasil formou um comitê independente para analisar a proposta.

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O fundador da consultoria BTR Retail, Eduardo Terra, explica que, especialmente após a aquisição do Atacadão, a operação brasileira se tornou muito relevante em tamanho, crescimento e geração de negócios para a matriz francesa.

“A abertura do capital se deu justamente para financiar essa expansão na época, tanto do modelo Atacadão quanto da digitalização, que está feita. O objetivo da abertura de capital lá atrás foi cumprido”, explica.

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