O presidente da bolsa eletrônica de energia BRIX, Marcelo Mello, descartou interesse de expandir a plataforma para atuar também na América Latina num primeiro momento. Ele frisou que a ICE (Intercontinental Exchange) tem expertise no exterior e poderia vir a atuar desta maneira. "Hoje o Brasil tem pequena relação de exportação de energia, alguma coisa com Paraguai, há expectativa de chegar ao Chile e Peru. Mas tenho impressão que o nosso foco é o mercado brasileiro. Nós já temos muito trabalho para fazer aqui", destacou.
O sócio e presidente do conselho da BRIX, Roberto Teixeira da Costa, disse que as tentativas frustradas anteriores de criar uma plataforma de comercialização de energia não deverão se repetir agora, porque o "Brasil mudou e nenhuma outra tentativa tinha a experiência acumulada dos profissionais que estão atuando nesta empresa", disse.
Os executivos também não quiseram comentar quais seriam as previsões para a entrada da segunda e terceira fase da plataforma, com o início da comercialização de contratos financeiros e também multilaterais, além dos físicos e bilaterais. "Quando tiver a primeira fase bem consolidada, será muito fácil dar outro passo e entrar na segunda fase. Temos certa previsão, mas preferimos deixar que o mercado aja por si só", disse o presidente da BRIX.
Petróleo
O presidente da Brix, Marcelo Mello, descartou nesta terça-feira, 12, que a empresa vá entrar em outro mercado que não o de energia. "É exclusivamente voltado para o mercado elétrico", disse. Mas o empresário Eike Batista interrompeu sua fala para dizer que vai usar seu voto para fazer valer a comercialização do petróleo também. "Nós temos a plataforma, porque não? A OGX vai produzir mais de um milhão de barris logo", disse.
Ainda segundo Eike, outras formas de energia poderão também ser negociadas, como etanol e carvão. "Depois do acidente do Japão, a energia nuclear tende a entrar em decadência. Tentar dominar algo indomável é muito complicado e os centros de pesquisas do mundo vão rever isso", disse, fazendo uma "aposta" com os presentes sobre este futuro de "decadência" da energia nuclear.
Eike avaliou que os custos que deverão ser gerados com as exigências que virão a partir de Fukushima farão com que "a conta fique impagável". "Os alemães, que são um povo altamente técnico, saíram disso porque já perceberam", comentou.
Abertura de capital
A Brix poderá ter capital aberto na Bolsa de Valores, disse o presidente da nova companhia, Marcelo Mello. Segundo ele, foram investidos até o momento R$ 15 milhões, e há um plano de investimento de mais R$ 10 milhões. "Se houver mais chamadas de investimentos, serão efetuadas, e na medida em que os mercados forem se desenvolvendo, pode haver abertura de capital", disse.
A expectativa do CEO da ICE (Intercontinental Exchange), Jeffrey Sprecher, é de que pelo menos mil pessoas sejam contratadas para atuarem na plataforma brasileira. A ICE, fundada em 2000, atua em mercados de futuros e balcão nos segmentos de energia, commodities agrícolas, emissões de carbono, moedas e derivativos de crédito. Opera três bolsas de futuros reguladas (EUA, Europa e Canadá), dois mercados de balcão (energia e derivativos de crédito) e cinco câmaras de compensação e liquidação (clearing houses).
O capital acionário da Brix é composto por cinco sócios, dos quais quatro - Eike Batista, Marcelo Parodi, ICE e Coteminas - possuem 23,75% cada e o executivo Roberto Teixeira da Costa possui 5%. "Não é que eu não acredite no negócio. Fatores financeiros limitaram minha participação", disse ele. Os empresários destacaram que não deverão ter suas empresas atuando diretamente neste capital acionário, mas estarão presentes como pessoa física.