Como estratégia de ter uma maior capilaridade de vendas no mercado brasileiro, no momento em que amplia a oferta de aços planos laminados na usina mineira de Ouro Branco, o grupo Gerdau informa que fechou o processo de aquisição do centro de serviços pertencente à companhia alemã Kloeckner Metals. A empresa chegou ao País em 2011 com a aquisição de uma distribuidora local. O valor da transação não foi revelado.
A Gerdau informa que o ativo que faz parte do negócio é uma unidade de processamento de vários tipos de aços localizada em Araucária (PR). E lembra que a transação ainda depende do aval do órgão antitruste brasileiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Segundo pessoas ligadas ao setor, a Kloeckner Metals, uma gigante do mercado europeu de distribuição de aço, não atingiu a meta de crescimento que projetou para o Brasil. Aqui, nesses 14 anos, enfrentou uma competição acirrada, tanto com distribuidoras controladas pelas siderúrgicas - Usiminas, CSN, ArcelorMittal e Gerdau - quanto com grupos independentes desse setor atuantes no País há muitas décadas.

A Kloeckner Metals estreou no Brasil pagando cerca de R$ 300 milhões, entre dinheiro e dívidas, por 70% do controle do grupo Frefer Metals Plus, distribuidor de aço sediado em São Paulo. A família controladora, inicialmente, permaneceu com 30%, e o principal acionista, Christiano Cunha Freire, foi mantido à frente da presidência executiva por algum tempo.
A empresa alemã, com os ativos da Frefer, atua no País com uma ampla variedade de produtos siderúrgicos, muitos dos quais a Gerdau fabrica e vende no mercado interno, como bobinas e chapas laminadas a quente, chapa grossa, tiras e perfis estruturais.
Em aço plano, a produção da Gerdau no País está concentrada na usina siderúrgica de Ouro Branco, que faz semiacabados (placas e tarugos), com uma capacidade total de 4,5 milhões de toneladas por ano. A partir das placas, faz bobinas laminadas a quente e chapa grossa. Com os tarugos, processa perfis estruturais, vergalhões e fio-máquina. O aço feito na usina atende os setores da construção civil, automotivo, agrícola, energia, naval e ferroviário.
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A aquisição é um movimento estratégico do grupo, no momento em que acaba de ampliar a produção de bobinas a quente (produto laminado) na usina de Ouro Branco - adicionou 250 mil toneladas à capacidade de produção anual, indo a 1,1 milhão de toneladas, com investimento de R$ 1,5 bilhão. A companhia já opera a Comercial Gerdau, que é uma rede consolidada de distribuição de aço no País, que irá incorporar os ativos em aquisição da Kloeckner Metals.
Experiência frustrada por anos de crise do setor e do País
A Klöckner & Co, sediada em Duisburg, Alemanha, marcou, com a Frefer, a entrada em mercados emergentes. A companhia alemã, além da competição local, teve de lidar com a crise econômica do País, e do setor, de 2015 a 2020. De acordo com informações do setor siderúrgico, a empresa já vinha operando com baixa capacidade, indicando uma intenção de sair do País.
A entrada no Brasil ocorreu logo após adquirir a distribuidora americana Macsteel Service Centers, cuja receita anual era de 1 bilhão de euros. Nos dois negócios o desembolso do grupo Klöckner foi de 700 milhões de euros (R$ 4,2 bilhões pela cotação atual). Fundada em 1906, a alemã era um dos maiores distribuidores independente de aço e de produtos de metal e centro de serviços de aço nos mercados europeu e norte-americano.
A Frefer, na época, era a terceira maior distribuidora independente do País, segundo informações do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), com 8% de participação nas vendas em 2010 e tinha um faturamento estimado de R$ 340 milhões. No ranking geral, que inclui as coligadas das siderúrgicas, a Frefer fechou 2010 com 213 mil toneladas vendidas - 4,9% de participação no mercado nacional.
As informações são de que a Kloeckner Metals traçou como estratégia focar no México, com uma grande operação de centro de serviços e distribuição de aço voltada para atender principalmente a indústria automotiva.