A InterCement Brasil vai entregar na segunda-feira, 10, à Justiça seu plano de recuperação judicial para reestruturar dívidas de R$ 14,2 bilhões, envolvendo em conjunto suas controladoras indiretas, InterCement Participações (ICP) e Mover Participações, e outras sociedades do grupo econômico, apurou o Broadcast/Estadão.
Procuradas, a Mover e a InterCement não comentaram. O Bradesco, em disputa judicial com as duas, também não comentou.
O plano não é, entretanto, o que será levado para aprovação em Assembleia-Geral de Credores (AGC) mais adiante, disseram pessoas a par do assunto. “As conversas com os credores ainda estão acontecendo e o plano está longe de ser o final”, afirmou um dos indivíduos ligados ao tema.
O Broadcast/Estadão obteve informações de que o plano que chegará na segunda à Justiça seguirá, em linhas gerais, o mesmo trajeto do apresentado a credores quando a empresa estava em recuperação extrajudicial. Nele, a holding Mover (ex-Camargo Corrêa) buscava preservar valor para seus acionistas e empurrar suas dívidas, inclusive aquelas com garantia, para a reestruturação da InterCement. A operação de cimentos vem apresentando problemas financeiros há vários anos.
Uma pessoa ligada ao tema informou que o plano retira ainda mais valor dos credores do que o anterior e levaria a Mover a ficar com uma fatia substancial da InterCement já reestruturada, com a diluição dos créditos.

Dos R$ 14,2 bilhões em passivos apresentados ao juiz no pedido de recuperação judicial no final do ano passado, cerca de R$ 11 bilhões são da InterCement (entre debêntures e títulos). O restante corresponde a um compromisso da Mover com o Bradesco, de pouco mais de R$ 3,1 bilhões, por empréstimo concedido e garantido por ações da CCR.
Por estar garantido, o entendimento é de que esse passivo não deveria constar entre os que serão reestruturados no processo de recuperação judicial. Tanto que o Bradesco BBI já se antecipou e executou essa garantia no início de janeiro, o que levaria o banco a ficar com a fatia de aproximadamente 14% da concessionária de rodovias.
A Mover obteve uma liminar para impedir o acesso do Bradesco às ações da CCR. O Bradesco, segundo pessoas a par do assunto, entrou hoje, 7, com recurso para derrubar essa liminar.
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O Bradesco é também detentor de debêntures da InterCement, ao lado do Itaú Unibanco e do Banco do Brasil. Os três têm R$ 6,3 bilhões em debêntures, incluindo juros, e a companhia ainda deve outros R$ 3,5 bilhões a detentores de títulos emitidos pela companhia no exterior (bondholders).