O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Túlio Maciel, avaliou nesta segunda-feira, 30, que o crédito na economia brasileira em abril apresentou um crescimento "em ritmo moderado", que é a tendência observada desde o início do ano. Segundo ele, esse é um avanço natural que acompanha a expansão da atividade econômica no País, no período.
Maciel destacou que o crescimento de 4,1% das operações de crédito no primeiro quadrimestre de 2011 ocorre em ritmo menor que o verificado em igual período de 2010. Ele calculou em 13% o crescimento anualizado do crédito até agora e ressaltou que essa é uma expansão bem inferior que a observada no ano passado, quando a alta foi em torno de 21%.
Maciel disse ainda que a desaceleração do crédito é mais acentuada no segmento direcionado do que no livre, a despeito do vigoroso aumento das operações de crédito imobiliário. Ele observou também o arrefecimento do ritmo de crescimento das operações do BNDES que, no mês, foi de 0,2% e, no ano, de 1,8%.
O chefe do Depec também destacou que a inadimplência tem subido "de forma moderada e na margem" e observou que o BC não vislumbra que o aumento dos atrasos de 15 a 90 dias nos pagamentos se reverteram em alta da inadimplência. Ele apontou como um dos motivos para o aumento do não cumprimento das obrigações financeiras, a alta da inflação e dos juros, além do maior comprometimento da renda familiar no pagamento das dívidas.
Maciel comentou ainda o aumento das taxas de juros e observou que é maior na pessoa física que na pessoa jurídica, refletindo a alta da taxa Selic. Segundo ele, a desaceleração da expansão do crédito reflete também as medidas macroprudenciais já adotadas.
Crescimento mais 'adequado'
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, avaliou que o crescimento anualizado de 13% do crédito na economia brasileira em abril é mais "adequado" para o País, após o ritmo forte de expansão verificado em 2009 e 2010. Maciel, no entanto, evitou a todo custo fazer uma avaliação se o BC já está satisfeito com essa desaceleração, uma vez que o presidente da instituição, Alexandre Tombini, havia classificado como desejável uma expansão entre 10% e 15% em 2011 para não comprometer a inflação.
"Eu não vou fazer juízo de valor", disse Maciel. O chefe do Depec destacou ainda que é natural que o aumento dos juros tenha sido maior nas operações de crédito para as pessoas físicas, já que o foco das medidas macroprudenciais de contenção do crédito foi para essa segmento.
Na entrevista, Maciel fez questão de destacar a interrupção da escalada de aumento do prazo das carteiras de crédito das pessoas físicas, que vinha sendo verificado no ano passado. Os dados, no entanto, mostram ainda aumento no ano do prazo. Ele informou que o prazo médio dos financiamentos de pessoa física para aquisição de veículo caíram de 51,3 meses em novembro do ano passado para 47,9 meses em abril. Já o prazo das carteiras de crédito pessoal caiu de 47,5 meses para 39,3 meses.
O chefe do Depec previu um comportamento estável ou de alta discreta na margem para a inadimplência "tendo em vista" o ciclo de alta da taxa Selic.
(Texto atualizado às 12h10)