O ministro das Finanças da França, François Baroin, disse que a economia do país permanece sólida, apesar de ter registrado crescimento zero no segundo trimestre do ano, e criticou a ação de especuladores no mercado financeiro.
Em entrevista à rádio francesa RTL, o ministro disse que os "fundamentos" da economia francesa são positivos, e que a razão para a estagnação no segundo trimestre de 2010 foi o crescimento além do esperado de 0,9% no primeiro.
"Estou muito confiante. Os fundamentos da nossa economia são sólidos", disse Baroin. "Temos uma economia diversificada e um sistema bancário que é um dos mais resistentes do mundo." O ministro criticou o que analistas crêem ser uma onda de ataques especulativos contra as ações de bancos franceses.
"Estão sendo atacados por rumores", disse o ministro. "O rumor é com uma cobra em um ninho de samambaia. Ela chacoalha, ela morde. Você escuta o barulho e sente a dor na perna - a cobra já foi embora, mas o veneno fica", comparou.
Medidas contra a especulação
Nesta sexta-feira, entraram em vigor em quatro países europeus - França, Itália, Espanha e Bélgica - medidas para conter a venda a descoberto de vários dos principais papeis das respectivas bolsas de valores.
As autoridades monetárias destes países e a Esma, que regula o mercado financeiro europeu, suspenderam temporariamente as chamadas operações de "short-selling", nas quais as corretoras vendem papéis que nem sequer detêm apostando na sua queda.
O objetivo dos investidores, que ficam na chamada posição vendida, é recomprar o papel no futuro a um preço mais baixo, embolsando a diferença.
"O que são as vendas a descoberto? São um elemento especulativo que permite (às corretoras) ganhar muito dinheiro rapidamente em cima de um ativo que não possuem", disse François Baroin.
"É preciso impor controle sobre isso. E depois tirar lições desta crise."
Segundo analistas, quando grande parte do mercado está em posição vendida, as ações obedecem a uma lógica de autoprofecia, caindo ainda mais e acentuando a instabilidade
Nas últimas semanas, ações, principalmente de bancos europeus, especialmente na França, sofreram valorizações e desvalorizações bruscas, devido a temores sobre a exposição dessas instituições à crise da dívida soberana na zona do euro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.