Nubank: Cenário para crédito no Brasil é ‘mais desafiador’, mas não prevemos crise, diz Vélez

CEO diz que o banco digital respondeu por quase 30% do crescimento de empréstimo pessoal do Brasil no ano passado e projeta que a carteira de crédito seguirá em expansão em 2025

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Foto do author Aline Bronzati
Atualização:

DAVOS - O CEO e fundador do Nubank, David Vélez, vê um cenário mais desafiador para o crédito no Brasil em 2025 em meio aos juros altos no País. Apesar disso, não antevê uma “crise” de calotes devido ao baixo nível de desemprego no País.

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“É um cenário mais desafiador. Mas não é novo para nós. Nossos modelos assumem que o futuro é muito pior do que o passado porque é o único Brasil que a gente conhece”, disse Vélez, a jornalistas, em Davos, na Suíça, às margens do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). As provisões para créditos duvidosos são suficientes e, portanto, por ora, a fintech não cogita reforçá-las.

Apesar do cenário “mais desafiador”, Vélez afirmou que espera que a carteira de crédito do Nubank continue se expandindo neste ano, sem precisar um número exato. Segundo Vélez, o banco digital respondeu por quase 30% de todo o crescimento de empréstimo pessoal do Brasil no ano passado.

Atualmente, o Nubank responde por 8% dessa carteira e em torno de 16% do mercado de cartão de crédito, sendo o segundo maior emissor no País, atrás somente do Itaú Unibanco.

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'Ninguém fala do Brasil em Davos', diz CEO e fundador do Nubank, David Vélez Foto: Aline Bronzati

“Muito do nosso crescimento é tirar share (fatia de mercado) de clientes bons dos bancos tradicionais independentemente se a economia cresce 2% ou cai 2%”, disse Vélez. O banco digital tem 100 milhões de clientes no Brasil.

‘Ninguém fala do Brasil’ no Fórum

Vélez afirmou, também, que o Brasil está fora do radar do Fórum Econômico Mundial. Pelo segundo ano consecutivo, o governo brasileiro teve baixa participação no evento, e enviou apenas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para participar do encontro nos Alpes Suíços.

“Ninguém fala do Brasil em Davos. O Brasil não é o foco de ninguém. A gente não está no radar de ninguém”, disse Vélez, a jornalistas, em Davos.

De acordo com ele, “há muita preocupação” com o Brasil, sendo o fiscal a principal, e, com isso, muitos investidores decidiram sair do País. “E uma vez que essa confiança é perdida, é difícil recuperar a confiança”, disse. “A confiança na disciplina fiscal é fundamental.”

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Enquanto o governo atribui a desconfiança a problemas na comunicação com o mercado, Vélez afirmou sentir falta de mais ações para resolver a questão fiscal. Segundo ele, não é uma “soma zero” entre o fiscal e a saúde econômica das classes mais baixas.

“Hoje existe quase uma visão de que você faz uma coisa ou outra. E não necessariamente, porque o problema é que a inflação termina sendo o maior imposto para qualquer cidadão brasileiro. É um imposto silencioso”, disse o CEO do Nubank.

Ele também disse que a gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve dar um empurrão no mercado cripto. " O que acontece agora é que muda completamente como os reguladores a nível mundial vão pensar sobre cripto. O Brasil está na frente. Então, tanto faz”, concluiu.

Para onde o Nubank planeja se expandir

O foco do Nubank neste ano é continuar a expansão internacional, de acordo com ele. Países como os Estados Unidos, da África e do Sudeste Asiático são vistos como uma oportunidade pelo banco digital, disse Vélez.

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No mês passado, a fintech brasileira liderou uma rodada de investimentos de US$ 250 milhões no Tyme Group, um neobanco que opera nas regiões da África e da Ásia, onde não tem presença. O banco digital tem operações no Brasil, na Colômbia e no México, sendo o país da América do Norte a sua prioridade para 2025, conforme Vélez.

“É impressionante ver quanto de cheque físico ainda se utiliza nos Estados Unidos”, disse o CEO do Nubank, como um sinal do espaço para digitalização do mercado bancário americano.

Segundo ele, os EUA têm características muito parecidas com o Brasil, com um “oligopólio” de cinco bancos respondendo por cerca de 80% do crédito no país. O foco no mercado americano seria explorar nichos, disse.

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Ainda na esfera internacional, o Nubank avalia mudar a sua sede, atualmente nas Ilhas Cayman. Dentre os possíveis destinos, o Reino Unido seria um deles, de acordo com Vélez, que não quis abrir as demais opções na mesa. “Ainda não temos uma decisão tomada. Estamos olhando diferentes jurisdições”, afirmou. Na escolha, vão pesar benefícios regulatórios e fiscais, segundo o CEO do banco digital.

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