Unasul termina sem acordo sobre volume do fundo de reservas

Conselho vai estudar medidas para reforçar o comércio regional em moedas locais, sem o dólar

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Por Marina Guimarães e da Agência Estado
Atualização:

Não houve consenso entre os ministros de Fazenda da União de Nações Sul-americanas (Unasul) sobre o tamanho da ampliação do Fundo Latino-americano de Reservas (FLAR) para atender às possíveis emergências dos países diante das turbulências financeiras. "Estamos discutindo esses números e quais os mecanismos que deverão ser usados", disse à Agência Estado o ministro de Economia da Argentina, Amado Boudou, ao final da reunião realizada nesta sexta-feira, 12, em Buenos Aires, da qual participou também o ministro Guido Mantega, do Brasil. Formado por sete países, o FLAR foi criado em 1978 para prestar assistência em momentos de crise. A participação de capital da Colômbia, Equador, Peru e Venezuela é de US$ 468,7 milhões por país, enquanto Bolívia, Costa Rica e Uruguai participam com US$ 234,4 milhões, conforme detalha a página do fundo na internet. No total, os países têm o compromisso de aportar US$ 2,342 bilhões, mas até o momento o montante disponibilizado é U$ 1,864 bilhão. De acordo com fontes do Ministério de Economia da Argentina ouvidas pela AE, a proposta de elevar o capital a ser integralizado para US$ 20 bilhões é uma ideia que partiu da Colômbia e Equador, o que seria feito por meio do ingresso do Brasil e da Argentina. Os países menores querem que o Brasil, por seu tamanho e saúde econômica, assuma a cota mais elevada para chegar aos US$ 20 bilhões, com a ajuda, em menor proporção, da Argentina. Mantega e Boudou já declararam que seus países têm a intenção de integrar o FLAR, como fizeram em 2010 com a Corporação Andina de Fomento (CAF). "No ano passado, nos incorporamos como membros plenos da CAF e isso implicou em capitalização. Fizemos isso porque a CAF é um grande instrumento para realizar obras públicas nacionais", argumentou Boudou durante entrevista coletiva à imprensa, concedida após a reunião. Mantega, por sua vez, revelou que o FLAR vai fazer um roadshow no Brasil, onde a proposta de ingresso será analisada. Porém, como a conta mais alta seria do Brasil, o ministro Mantega já  descartou essa possibilidade ao desembarcar em Buenos Aires, na noite de quinta. "Chegar a US$ 20 bilhões será difícil", disse Mantega à imprensa. "Pelas regras atuais, é impossível colocar US$ 20 bilhões porque existem cotas dos países que chegam ao limite máximo de US$ 500 mil por país", afirmou. Sem um consenso sobre as cotas de ingresso da Argentina e do Brasil, o assunto será analisado nos próximos 60 dias por um grupo criado especialmente para isso. "Há um esquema para analisar o fortalecimento do FLAR e medidas alternativas. Esse esquema será liderado por Colômbia e Equador e haverá uma resposta em 60 dias, na reunião que teremos em Assunção", concluiu Boudou.

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Sem dólar

O conselho vai estudar medidas para reforçar o comércio regional em moedas locais, sem o dólar. A informação é do vice-ministro de Economia da Argentina, Roberto Feletti. "Chegamos a um acordo sobre três eixos de trabalho e um deles é avançar em mecanismos multilaterais de pagamentos, para sustentar o comércio e proteger os volumes de reservas", disse Feletti durante entrevista coletiva à imprensa.Ele destacou que o comércio entre os países da região movimenta a cifra de US$ 120 bilhões anuais. "O uso de moedas locais, excluindo o dólar, protege as reservas e incrementa o comércio porque há taxas menores de transações", ilustrou em rápida conversa com a Agência Estado. Ainda na coletiva, o vice-ministro argentino disse que o segundo foco de trabalho será "a coordenação do uso de reservas para facilitar a tarefa dos Bancos Centrais na atuação diante das volatilidades".Por último, ele detalhou que os grupos técnicos dos países vão trabalhar no desenvolvimento e fortalecimento de Bancos de Desenvolvimento, como a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco do Sul, que ainda não saiu do papel.  Junto com esse terceiro ponto, esclareceu, os técnicos vão revisar o FLAR "para ver se pode ser ampliado e dar maior capacidade de intervenção" dos países em caso de ataques especulativos contra as moedas ou dívidas soberanas.

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