Publicidade

Venda de livros retoma crescimento no Brasil, mas redes de livrarias ainda sofrem

Na pandemia, receita do setor teve forte alta e preço médio do livro, em queda havia anos, voltou a subir; já livrarias tiveram onda de fechamentos, com migração para a web

Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Fernando Scheller
Por Fernanda Guimarães e Fernando Scheller
Atualização:

Quem analisa a situação das livrarias no Brasil pensa que o consumidor deixou de ler. Durante algum tempo, isso até foi verdade. À medida que, abatidas por crises, as gigantes Saraiva e Cultura fecharam dezenas de lojas, a venda de livros também minguava. Mas não foi o que ocorreu na pandemia, período em que o brasileiro redescobriu a leitura. Não só o total de unidades comercializadas e a receita passaram a crescer de forma saudável, mas o preço médio de venda – que caía havia anos – voltou a subir.

O Brasil tinha quase 3,1 mil livrarias abertas em 2014, segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL). Hoje, a estimativa é de que o total seja de 2,2 mil. Por outro lado, após anos difíceis, o comércio de livros mostra fôlego. Nos 12 meses encerrados em setembro, diz o Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel), a receita atingiu R$ 175 milhões, expansão de 13,64% ante o período anterior. O preço médio de venda voltou a superar R$ 40 – uma bem-vinda alta de 4%.

PUBLICIDADE

No ano passado, segundo o Snel, as vendas de livros online cresceram 84%. As livrarias exclusivamente virtuais – segmento que inclui a Amazon – viram sua parcela do faturamento atingir 43%. Somados a outros varejistas online, como Magazine Luiza e Americanas, a participação do mundo virtual supera 50%. 

Isso de acordo com os dados oficiais. Para Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura – que está em recuperação judicial e fez um radical corte em seu total de lojas –, o domínio de gigantes varejistas varia entre 60% e 80% do setor, a depender do perfil das editoras.

Unidade da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, em São Paulo Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Além disso, outras opções para ter acesso à leitura também surgiram. Um dos fenômenos recente foi o reaparecimento dos clubes de livros. Apesar de representar uma fatia pequena, de 2,7%, eles dispararam 174% no ano passado, segundo o Snel. 

Ou seja: enquanto buscam um modelo para seu retorno, as livrarias físicas, agora, têm um pedaço do setor muito menor para chamar de seu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.