O coração da empresa bate na gerência

Cargo exige que profissionais assumam gestão, motivação e o equilíbrio da equipe. Eles ainda devem implantar a política da companhia

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Por MÁRCIA RODRIGUES e PARA O DIRETOR

Dedicação, comprometimento e visão do futuro. Essas são as características que as empresas consideram determinantes no momento de escolher um gerente. A função, que pode não ter o glamour do cargo de direção, é essencial para o bom andamento de uma companhia. Especialistas a apontam como o coração da organização. "O gerente é o responsável por identificar o potencial de cada funcionário do departamento e conseguir extrair toda a sua capacidade produtiva. Além, é claro, de formar novos líderes", comenta a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Saad.O Grupo JBS avalia constantemente seus funcionários para fazer promoções internas e evitar contratações externas para um cargo de comando. "É uma forma de manter a equipe motivada e valorizar os profissionais que dão duro pela empresa", comenta a gerente de recursos humanos, Alina Paiva, de 29 anos, há dois anos no cargo. Antes de assumir a gerência, ela passou por quatro Estados diferentes, até se fixar em São Paulo. Alina é responsável pelo setor do grupo que concentra as fábricas ligadas à higiene e limpeza, braço da empresa que conta com 2,5 mil funcionários. Chegar à gerência, segundo ela, foi um processo tranquilo. "Passei direto do cargo de analista para o de gerente sem assumir a coordenadoria, que é uma função intermediária na empresa", gaba-se.Para ela, a tarefa mais importante do cargo é estar sempre antenada para ver o que os concorrentes estão fazendo e não ficar para traz. "A dedicação é muito importante para conquistar o seu espaço. Você precisa colocar na cabeça o que é a sua área de atuação e dar o melhor de si."Outra que conseguiu a promoção de "forma natural", como ela mesma conta, foi a gerente de operações clínicas de uma indústria farmacêutica, Cátia Campos, de 36 anos. Há dois anos e meio no cargo, e há quatro na empresa, Cátia passou antes por outra empresa onde sentiu que a ascensão profissional era "engessada". "Aqui, o reconhecimento é constante. Da mesma forma que cabe a mim avaliar os profissionais que merecem promoção, também sou avaliada", diz. Responsável pelas operações da empresa na América Latina, Cátia ainda não se sente realizada. Quer chegar à representação dos Estados Unidos e Canadá. "Estou feliz por ter chegado até aqui, mas não quero parar. A gerência das Américas ou um cargo de direção são minhas próximas aspirações", sinaliza.Engana-se quem pensa que para assumir um cargo de gerência é preciso ter amplo domínio técnico. Levantamento feito pela Catho Online com 210.500 entrevistados de 3.700 cidades apontou que 26.95% dos gerentes têm apenas nível superior (veja pesquisa completa abaixo).Para Elaine, da ABRH, mais do que a visão técnica, o bom gerente deve ter o dom de conhecer e gerir pessoas. "Não adianta assumir um cargo desse e implantar somente as suas ideias. É preciso trabalhar com o limite e com o perfil de cada funcionário", diz. E acrescenta: "Você não consegue convencer e atrair a atenção do outro se focar a atuação em aspectos importantes apenas para você", conta. A opinião dela é compartilhada por Augusto Puliti, diretor da Michael Page. "Normalmente, um funcionário que chega à gerência, passa antes pelo cargo de analista, que exige alto conhecimento técnico. Por isso, ele precisa aprender que a transição do conhecimento específico para o de gestão é necessário para atingir um bom desempenho", diz. E os aspectos que precisam ser avaliados são inúmeros. "O gerente precisa identificar, por exemplo, o que motiva cada integrante da sua equipe. Tem aquele que anseia por uma promoção, outro que ficaria feliz se ganhasse um aumento salarial e aquele que simplesmente precisa de reconhecimento", diz. -geral da Business, Luis Saverio, o gerente precisa desenvolver um conjunto de competências para garantir uma boa atuação e, quem sabe, o cargo de direção. "Ele precisa estar alinhado à cultura da empresa, ter visão estratégica do negócio, flexibilidade e, principalmente, ter a capacidade de desenvolver pessoas."Saverio ressalta que o maior gargalo das empresas é não formar gerentes e líderes. "É preciso preparar profissionais para assumir o comando antes de promover alguém."

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